São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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Camille Claudel encerra ciclo iniciado com Rodin e Maillol

Mostra da artista começa hoje para o público no Ibirapuera

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REDAÇÃO

Em 1995 veio Rodin. No ano seguinte, Aristide Maillol. A partir de hoje, a Pinacoteca completa o ciclo de exposições de grandes escultores franceses com Camille Claudel.
Desta vez o endereço é diferente. Com o prédio da avenida Tiradentes em reformas, as peças serão exibidas no parque Ibirapuera, no mesmo pavilhão em que foi montada a mostra Antarctica Artes com a Folha, no ano passado.
Se por um lado a obra de Claudel (1864-1943) não tem muitas afinidades com a de Maillol (1861-1944), por outro é indissociável ao trabalho de Rodin (1840-1917).
A semelhança do estilo dos dois era tamanha que, quando a artista foi apresentada a Paul Dubois, então diretor da Escola Nacional de Belas Artes, ele exclamou: "Você teve aulas com o sr. Rodin!". Camille tinha 17 anos e ainda não havia cruzado pelo caminho do escultor de "O Pensador".
Dois anos depois, ela foi contratada como auxiliar de Rodin. A primeira grande lição que a artista teve com o mestre foi que o corpo não é composto de superfícies planas, mas de saliências.
Basta observar qualquer das 43 esculturas da artista em exposição no Ibirapuera para ver que ela se saiu bem nessa tarefa.
Rodin também ensinou para Claudel que o movimento de um personagem é obtido pela passagem gradual de uma pose a outra -para alguns críticos, ela soube representar movimento na escultura melhor do que seu professor.
Ao passo que transmitia esses ensinamentos a Claudel, Rodin se interessava paulatinamente pelas saliências e pelos movimentos da artista -os dois foram amantes durante 15 anos.
Mas Camille Claudel não parou nos limites de Rodin. Suas obras acentuaram uma dimensão trágica da humanidade apenas latente no trabalho do escultor.
Em Claudel, o movimento não apenas modifica as figuras, mas chega a deformar a anatomia, mostrando os seres sendo metamorfoseados pela ação do tempo.
Camille seguiu o roteiro trágico que prometiam suas obras. Em 1913 foi internada por problemas mentais. Morreu 30 anos depois, esquecida na mesma clínica.

Exposição: Camille Claudel
Onde: pavilhão Padre Manoel da Nóbrega (av. Pedro Álvares Cabral, tel. 011/549-8577, portão 10 do parque Ibirapuera)
Quando: ter a dom, das 10h às 18h; até 7 de dezembro
Quanto: R$ 5, R$ 2 (estudantes) e grátis (menores de 7 e maiores de 65 anos)

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