São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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Religiosos faltam a show do 'anticristo'

Zé do Caixão vai de limusine e é ovacionado

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nenhum grupo religioso protestou, nem houve tumulto. A entrada do show da banda norte-americana Marilyn Manson, anteontem à noite no Olympia, só não foi pacata por causa dos adolescentes aglomerados na rua e pela aparição de Zé do Caixão.
Em uma limusine preta e acompanhado por duas "diabetes", José Mojica Marins, o Zé do Caixão, chegou precedido de um carro fúnebre da funerária São Caetano, pouco antes das 21h30.
Seu cortejo contava ainda com rapazes usando máscaras de Jason -o psicopata assassino da série cinematográfica "Sexta-feira 13". Dentro do Olympia, ele foi ovacionado pelo público de Manson.
Alguns carros da Polícia Militar e 12 comissários de menor (voluntários da Vara da Infância e da Juventude da Lapa) faziam a fiscalização.
A fiscalização intensiva foi pedida pela promotora de Justiça Luciana Bérgamo Tchorbadjian, 29, e tinha como objetivo impedir a entrada de menores de 16 anos desacompanhados.
Anticristo
Na tarde de anteontem, Marilyn Manson, "o anticristo do final do século", deu uma entrevista coletiva à imprensa brasileira.
"Qualquer um que tente substituir a idéia de Deus na mente dos adolescentes dos Estados Unidos assusta o país", afirmou, sobre as críticas que recebe na América.
Completamente maquiado, já às 14h, ele apareceu vestindo um robe marrom com gola e punhos de plumas. Disse que Trent Reznor, da banda Nine Inch Nails, é apenas "uma gravadora" e que, no estúdio, sua contribuição é ensinar "como usar drogas".
O líder da MM contou ainda que está escrevendo um livro sobre sua infância e que gosta de ouvir Pink Floyd, David Bowie e Radiohead.
Sobre os rumores de que interpretou o garoto Paul Pfeiffer na minissérie "Anos Incríveis", Manson ironizou: "Participei sim, era a Winnie Cooper, só que tirei os seios".
Disse que não teme a igreja, nem os terroristas e só anda acompanhado de seguranças por causa das mulheres, que não param de atacá-lo.
Perguntado sobre homossexualismo, Manson atacou: "Você pode experimentar muito com o seu corpo, mas é seu coração que determina se você é gay ou não. Se você chupasse meu pau, mas não me amasse, não seria gay".

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