São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 1997
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Procuradoria quer novo exame no caso TAM

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Procuradoria da República deve determinar nos próximos dias que sejam realizados novos exames a respeito do artefato que explodiu no interior do Fokker-100 da TAM.
A medida, segundo o procurador Pedro Barbosa Pereira Neto, um dos que está analisando o inquérito da Polícia Federal sobre o caso, tem como objetivo esclarecer as divergências entre os laudos do IC (Instituto de Criminalística), da Polícia Civil, e o Secrim (Serviço de Criminalística), da PF.
Os dois órgãos apresentaram versões diferentes a respeito da composição do explosivo que provocou a explosão no avião, no feriado de 9 de julho. O acidente causou a morte do engenheiro Fernando Caldeira de Moura, jogado para fora da aeronave a uma altitude de 2.400 metros. Também há divergências com relação à poltrona em que Moura estava sentado.
"Precisamos saber se um laudo é complemento do outro ou se são completamente díspares. O nosso interesse é esclarecer a verdade", afirmou Pereira Neto.
O laudo do Secrim, que analisou todo o avião, afirma que a bomba era de fabricação caseira, composta por nitrato de amônio, nitrato de potássio e enxofre.
Resíduos desses elementos foram encontrados em uma luva e uma mala que pertenceriam ao professor Leonardo Teodoro de Castro, apontado pela PF como o responsável pelo atentado.
A luva estaria no apartamento de Castro, o que indicaria que a bomba foi feita lá. A PF, no entanto, não conseguiu identificar de que era feito o detonador.
Já o IC, que analisou as roupas de Moura e pedaços da fuselagem do avião, concluiu que a bomba era feita de nitrato de amônia e foi acionada por um detonador de stifinato de chumbo. "Não poderia ter sido fabricada em casa", afirma Osvaldo Negrini, diretor técnico do IC, que diz ter encontrado um pedaço, intacto, do explosivo.
Por essa versão, as provas que a PF diz ter contra Castro -a maioria relacionada aos resíduos da bomba encontrados em seus pertences- enfraquecem. De acordo com o procurador, a contradição pode comprometer a definição da autoria do atentado.
Segundo Pereira Neto, três caminhos devem ser tomados: realização de uma nova perícia, complementação do que já foi feito ou a convocação dos peritos dos dois órgãos para esclarecer as contradições. "Provavelmente, o caminho será a realização de novos exames", declarou. A PF não vai comentar o assunto.
Tales Castelo Branco, advogado de Castro, afirmou que a realização de novos exames já era esperada. "A divergência é de grande importância e vai ajudar muito a defesa", declarou.

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