São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 1997
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Shows aborrecem uma platéia desanimada

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DO ENVIADO ESPECIAL

Em termos de shows, o tédio dominou o Midem Latin America & Music Market 97 -ao menos no que diz respeito ao gosto médio brasileiro. O jamaicano Shaggy, dono do megahit "Booombastic", por exemplo, aborreceu uma platéia desanimada numa casa semivazia, na segunda-feira.
Abusando de movimentos pélvicos pretensamente sensuais, apresentou seu novo álbum, "Midnite Lover", com jeitão de "astro do momento que vai ser esquecido logo adiante" (lembra-se de Shabba Ranks? Pois é.).
Ainda assim, seu reggae trouxe alguma tentativa de modernização, incorporando dancehall e levadas mais contemporâneas.
Não foi o que se viu em infindáveis shows de reggae, como os de Trinidad-Tobago, alavancados pelo Midem como mestres-de-cerimônias do evento no dia de sua abertura. Até a impronunciável "Vou de Táxi" (originalmente francesa e antes sucesso em português com Angélica) ganhou versão "totoró" em espanhol.
Em meio a rocks em espanhol, tecno/dance europeu para latino-americano comprar e uma chuva de artistas obscuros (inclusive a brasileira metida a americana Deborah Blando) de nomes esdrúxulos, passou em branco -e semivazio, também- a apresentação de Buster Poindexter.
OK, sua carreira é já há muito decadente, mas ainda assim se ignorou solenemente a presença de integrante original dos míticos New York Dolls, uma das bandas precursoras do punk nos EUA.
Convertido em entertainer latino camuflado à frente de banda de tonalidades cubanas com violinos, maracas, acordeom, cello e muito sopro, ele mostrou que ainda conserva resquícios do gênio anterior.
Fisicamente parecido com algo entre Mick Jagger e Beck e dando toques de cabaré a cada canção, manifestou flashes do velho punk, vestido de mulher só para provocar com seus New York Dolls.
Sarcástico, comentou: "É lindo estar aqui no... Como chama mesmo? Midem?". Esse é o cara que já virou até tema do Programa Silvio Santos ("Hot Hot Hot"). Sem dúvida, foi chamado ao Midem pelo lado "Topa Tudo por Dinheiro", nunca pela acidez punk. Carlos Vivez e Fito Paez fizeram muito mais sucesso.
(PAS)

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