São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997
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Incra aponta interesse político

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Paraná, Maria de Oliveira, afirma que não é apenas na invasão da fazenda Cordilheira, em Jundiaí do Sul (PR), que existem interesses eleitoreiros motivando a ação dos sem-terra.
O grupo de sem-terra que invadiu a fazenda -e que se diz independente- contou com o apoio de Anésio de Souza, presidente do diretório municipal do PMDB e ex-prefeito de Ribeirão de Pinhal, cidade vizinha a Jundiaí do Sul. Souza afirma que faz "isso por interesse político".
Segundo Oliveira, a busca de votos motiva invasões coordenadas também pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Paraná. "O jogo de interesse é muito grande", disse Oliveira, que tem a simpatia do movimento no Estado.
Segundo a Agência Folha apurou, o Incra avalia que pelo menos 30% das áreas invadidas no Paraná têm a colaboração de políticos ou fazendeiros.
Em alguns casos, segundo a superintendente, os políticos que buscam capitalizar votos com as invasões são também fazendeiros. Eles próprios procuram os sem-terra.
Quando não buscam votos, os fazendeiros incentivam as invasões interessados em vender a área para o Incra, muitas vezes já alienadas como garantia de débitos.
Eleição
Oliveira citou o exemplo de um fazendeiro da região de Cascavel. Candidato nas eleições do ano passado, ele próprio levou os sem-terra a invadir uma propriedade sua.
O candidato perdeu as eleições e quis retirar os trabalhadores rurais da fazenda. A superintendente não quis informar o nome do fazendeiro.
Ela disse que o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) nomeou um coordenador para fazer um levantamento da existência desses interesses em invasões no Estado. Vai caber a esse coordenador divulgar os dados.
Rogério Mauro, da coordenação do MST no Paraná, afirma não ter conhecimento de situações como as citadas por Oliveira.
"Pode existir, mas não conhecemos", afirmou.
Mauro reconhece que, desde a posse de Oliveira na Superintendência do Incra no Paraná, em junho do ano passado, a reforma agrária no Estado do Paraná "avançou".

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