São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997
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Sequestrador usava o codinome 'Ronaldinho'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Luiz Estevão recebeu três telefonemas dos sequestradores. O primeiro durou três minutos, o segundo, 22, e o terceiro, 52. O sequestrador usava o codinome de "Ronaldinho" e chamava Luiz Estevão de "Romário". Em determinado momento, ameaçou deixar a negociação a cargo do "Edmundo", mais violento. A seguir, trechos:
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Luiz Estevão - Calma, 'Ronaldinho', US$ 5 milhões é dinheiro de meter medo. Você é uma pessoa que tem coração. Eu tô chamando os amigos para me ajudar, tô vendo o que posso fazer. A casa onde eu moro não é minha, é da empresa. O dinheiro não é meu.
Sequestrador - Mas a empresa é sua, o que eu não quero é ouvir você dizer que não tem dinheiro. Esse é um caminho sem volta, você tem de me pagar. Ofereceram R$ 2 milhões por ela, para depois tirarem ela de você, só que esses R$ 2 milhões não dão para o que a gente quer. Eu fiquei de baixo do nariz da polícia e eles não sabiam que eu era o sequestrador... Tenho um mês para negociar, caso a gente não consiga nada, eu vou passar a negociação para o 'Edmundo' e você sabe, né? Cada um tem uma forma de negociar.
Eu não sei se você tem visto TV, mas lá em São Paulo, eles mataram um menino e enterraram debaixo do berço do filho do sequestrador. Nós não vamos fazer isso, o que eu quero é o dinheiro. Se você demorar, nós vamos fazer um pacto político com um pessoal aí para você não ir para o Senado. Eu conversei com muita gente e disseram que tem aquela mulher dele, que é mole de pegar.
Podíamos ter pego o pequeno (o filho de 8 meses), mas, como produto, ele é perecível, podia chorar muito e ia dar muito mais trabalho. Eu sou profissional, eu não peço nada que eu não tenha condições de tomar... Como disse aquele ministro, esse valor é 'imexível'. As pessoas com quem eu converso dizem: 'Cara, esse sequestro é coisa para 20 milhões'. Aí eu falei: 'Vamos pegar leve'.

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