São Paulo, sábado, 13 de setembro de 1997 |
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Posse de armas multiplica a violência DANIEL DE CASTRO DANIEL DE CASTRO; ROGERIO SCHLEGEL
O grande número de armas em poder da população é, mais do que consequência, uma das causas da violência nas grandes cidades. Por isso, especialistas avaliam que o combate à criminalidade, em especial aos homicídios, depende de campanhas sérias de desarmamento. Para Paulo de Mesquita Neto, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência, essas campanhas, além de conscientizar a população sobre o perigo do uso de armas de fogo, precisam também minimizar os problemas que acabam incentivando o seu porte. "Fatores como o controle sobre o porte ilegal de armas e um melhor serviço de segurança nas ruas devem andar em conjunto com esse tipo de campanha", diz. "A arma é o instrumento da morte. Se quisermos acabar com a violência extrema que é a morte, temos que tirar esse instrumento de circulação", avalia Jairo Fonseca, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil. "Campanhas são capazes de fazer o homem de bem entregar sua arma ou desenvolver um outro conceito sobre seu uso", diz. Em sua opinião, não se pode esperar que o criminoso se sensibilize com qualquer tipo de apelo. Ocorre que o "homem de bem" municia a criminalidade com sua arma -que é roubada ou vendida- ou comete ele mesmo crimes com características emocionais. "A arma do criminoso quem tem de tomar é a polícia, através de blitze, por exemplo. E é preciso dificultar o acesso às armas, como fez a nova lei sobre o porte." A lei editada este ano sobre o assunto tornou o porte ilegal crime -antes era apenas contravenção- e previu penas de até quatro anos (veja quadro abaixo). Ela deu prazo de seis meses para quem tem uma arma irregular entregá-la ou regularizá-la. Em São Paulo, a Secretaria da Segurança Pública entende que esse prazo venceu no final de agosto. O governo federal interpreta que para esse cálculo vale a data do decreto que regulamentou a lei e os seis meses vão até novembro. O estudante Denis Mizne, coordenador da campanha Sou da Paz, que prega o desarmamento, acredita que a sociedade esteja começando a se conscientizar da necessidade de mudar seu comportamento em relação às armas. "Nossa campanha, iniciada por estudantes, tem conseguido boas adesões. Isso ocorre por não ter um dono e ser tocada por jovens, mas também porque as pessoas percebem que São Paulo está mais violenta do que nunca", avalia. Texto Anterior: Vera Fischer perde guarda de Gabriel Próximo Texto: Arma dispara em vôo da Varig Índice |
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