São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 1997
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Troca de comando deve aposentar 36 coronéis

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A nomeação do coronel Carlos Alberto de Camargo para o Comando Geral da PM de São Paulo deverá provocar a maior mudança desta década no comando da PM. Ao todo, 36 coronéis poderão passar para a reserva.
Por causa disso, além do Comando Geral, deverão mudar o Subcomando Geral, o Comando de Policiamento Metropolitano, o Comando de Policiamento do Interior e o Comando de Policiamento Florestal. Outros comandos da PM também devem ser alterados.
Todos os coronéis da PM vão se reunir hoje no quartel do Comando Geral. O coronel José Carlos Bononi, chefe do policiamento do centro de São Paulo, poderá assumir o Subcomando Geral da PM.
Camargo, o novo comandante-geral, é um dos mais novos coronéis da PM, o 14º mais novo entre os 51 coronéis da PM (excluídos as duas coronéis do Policiamento Feminino e o coronel-médico). Na PM, oficiais mais antigos mandam nos mais novos.
Com a nomeação de um coronel mais novo, os mais antigos se vêem obrigados a passar para a reserva, pois não aceitam ser comandados por um oficial "mais novo". Camargo é da turma de 70 da Academia de Oficiais do Barro Branco da PM. O ex-comandante-geral era da turma de 66.
Alguns coronéis mais antigos que o novo comandante-geral poderão permanecer na ativa caso recebam algum dos grandes comandos da Polícia Militar.
A nomeação de um coronel "novo" resolve outro problema do governador Covas: a forma como o comando de Lisboa era contestado dentro da PM. Ao assumir a corporação, Lisboa não pôde nomear nenhum coronel. Todas as 23 vagas haviam sido preenchidas no final de 1994 pelo então governador Luiz Antônio Fleury Filho.
Camargo contará com a passagem para a reserva da maioria dos coronéis mais antigos que ele, criando várias vagas para coronéis a fim de que o novo comandante-geral faça a sua equipe, que não deverá contestá-lo.
Assim, o secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, espera resolver o que ele chama de "falta de comando da Polícia Militar", razão oficial da destituição.
Após o episódio da tortura na favela Naval, Lisboa contava com o apoio de apenas dez coronéis entre os 51. Ele e, principalmente, o atual subcomandante-geral, Carlos Alberto da Costa, eram contestados por membros de sua turma e das turmas de 68 e de 69.
Agora, além da turma de Lisboa, parte dos contestadores também deverá se aposentar. Há apenas duas exceções: o chefe da Assistência Militar da Assembléia Legislativa, coronel Wagner Cintra, e o da Casa Militar do Palácio dos Bandeirantes, coronel Costa Ramos.

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