São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 1997
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Viagem ao território espinhoso dos excluídos

MARILENE FELINTO
ENVIADA ESPECIAL AO PIAUÍ E CEARÁ

Não tem "errada" não. No sertão não tem frescura, não tem estágios, mal tem infância, quanto mais adolescência. Aos 14 anos, a pessoa olha para um lado, olha para outro, não há perspectiva, tudo é visto na dimensão única da superfície da caatinga plana. Tudo é seco, tudo é espinho, tudo é nada.
Fazer o quê? No sertão não tem teste vocacional, não tem profissão, porque mal tem escola. O cara se faz homem no lombo do jegue, sem sela. A vida é na roça plantando milho, limpando arroz. É na criação tangendo gado, bode e cabra.
Lá não tem meio-termo. Só tem sim e não, inverno e verão. O sertão fica lá para detrás daqueles morros, nos buracos do Brasil. No sertão, o céu não é perto como parece daqui. O sertão está mais para as bandas do inferno, sim, senhor.

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