São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 1997
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EUA compraram a região dos franceses

DA REDAÇÃO

A herança francesa de Nova Orleans é o que sobrou de uma das maiores transações imobiliárias da história: a venda da Louisiana por Napoleão Bonaparte para os Estados Unidos, em 30 de abril de 1803.
A Louisiana era o que restava de relevante da América do Norte francesa depois da Guerra dos Sete Anos. Mas não se deve confundir o atual Estado norte-americano da Louisiana com o território de seu homônimo histórico.
A Louisiana histórica ocupou o território, ou parte do território, de 13 dos atuais Estados norte-americanos: Louisiana, Arkansas, Missouri, Iowa, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Nebraska, Kansas, Wyoming, Minnesota, Oklahoma, Colorado e Montana.
Os norte-americanos pagaram US$ 15 milhões por 2.144.520 quilômetros quadrados, dobrando o território da jovem república -computados os juros, o preço final foi de US$ 27.267.622, valor da época.
Ocupação e conflito
A venda da Louisiana foi apenas o último lance numa história cheia de trocas de bandeira.
A exploração e a colonização da região a oeste do rio Mississippi asseguraram aos franceses o controle da região ainda nos séculos 17 e 18. Sua soberania começou a ruir na Guerra dos Sete Anos, que opôs a França à Grã-Bretanha.
A derrota das tropas do rei Luís 15 frente aos exércitos britânicos nas planícies de Abraão, diante da cidade de Québec, em 1759, selou o fim do controle francês sobre a "bela Província" (como era chamado o Canadá francês).
Em 1762, Paris cedeu os territórios a oeste do Mississippi para a Espanha.
O poder político e militar francês, restaurado e ampliado pela revolução e por Napoleão Bonaparte, levou Paris a pressionar a Espanha a restaurar a posse francesa da região.
Em 1º de outubro de 1800, o rei Carlos 4º, da Espanha, concordou em considerar a devolução do território, desde que a França se comprometesse a não repassá-lo a terceiros.
O tratado de Santo Idelfonso, de 21 de março de 1801, ratificou a volta à França da Louisiana -em especial o porto de Nova Orleans e o delta do Mississippi.
Colonização norte-americana
A notícia da devolução foi recebida nos EUA em meio a dúvidas sobre o destino dos colonos norte-americanos que haviam se estabelecido a oeste do Mississipi.
Pelo tratado de São Lorenzo, de 1795, esses colonos poderiam usar livremente o rio Mississippi para transportar suas exportações por meio do porto de Nova Orleans.
A possibilidade de um vizinho poderoso e potencialmente hostil na entrada do golfo do México levou os norte-americanos a negociar com a França.
Inicialmente, o presidente Thomas Jefferson delineou duas estratégias: impedir a devolução ou comprar o território.
Diante da impossibilidade de reverter a devolução e da indisposição dos franceses de vender o território, os negociadores norte-americanos em Paris procuraram fortalecer sua posição ameaçando Napoleão com uma aliança dos EUA com a Grã-Bretanha.
A iminência de um novo conflito com a Grã-Bretanha -que agora poderia ter um aliado transoceânico-, somada ao fracasso das tropas franceses em controlar a rebelião escrava no Haiti e às necessidades financeiras, levaram Napoleão a oferecer todo o território aos Estados Unidos.
O tratado de venda foi assinado em 2 de maio, mas antedatado para 30 de abril.
Os limites vagos definidos pelo tratado tiveram de esperar negociações com a Grã-Bretanha e a Espanha (que tinham territórios na região) para definir as fronteiras exatas do que fora comprado pelos norte-americanos.

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