São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 1997
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FMI estuda restrição a fluxo de capital

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Fundo Monetário Internacional (FMI) vai discutir, em sua reunião da próxima semana, a restrição do fluxo de capitais como forma de proteger economias emergentes de ataques especulativos.
A intenção foi anunciada ontem pelo vice-primeiro-ministro da Bélgica, Philippe Maystadt, que preside uma comissão do FMI encarregada do assunto.
Ele disse que, embora o objetivo continue sendo estimular a liberalização da circulação de capitais, alguns países podem precisar de mais tempo para atingir essa meta.
A possibilidade seria aberta a "vítimas de ataques especulativos injustos", disse.
A abertura dessa discussão, que deverá dominar a reunião anual do FMI e do Banco Mundial, parece ser a resposta do FMI à crise cambial que atingiu o Sudeste Asiático há quase três meses.
A reunião, que será realizada em Hong Kong entre os dias 23 e 25, será o primeiro grande evento mundial desde o eclosão da crise, no início de julho, quando a Tailândia, vítima do primeiro ataque especulativo, foi forçada a desvalorizar sua moeda.
Ataques especulativos ocorrem quando investidores internacionais fazem apostas, em geral no mercado futuro, contra a moeda de um país. Eles ganham se o governo é obrigado a ceder e faz a desvalorização.
Depois da Tailândia, outros países da região, como Indonésia e Cingapura, Filipinas e Malásia, enfrentaram problemas parecidos.
A expectativa de que o FMI tome alguma iniciativa foi reforçada por uma declaração, ontem, do ministro das Finanças da Malásia, Anwar Ibrahim.
Ele disse que o FMI e o Banco Mundial deverão divulgar uma "fórmula substantiva" para proteger essas economias.
O presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, vai divulgar o relatório anual da instituição durante a reunião de Hong Kong.
FHC reage
Sobre críticas à política educacional e de reforma agrária do governo brasileiro, contidas em estudo do FMI divulgado em Hong Kong, o presidente Fernando Henrique Cardoso, por intermédio de seu porta-voz, Sergio Amaral, disse ontem ser possível que o Fundo esteja "novamente atrasado" e tenha se equivocado ao analisar as políticas sociais que estão sendo implantadas no país.
Segundo o trabalho do FMI, o Brasil não conseguirá reduzir os percentuais de pobreza se não modificar sua política educacional e não fizer a reforma agrária.
"Se essas declarações foram verdadeiras, ele (FHC) não se surpreenderia, porque o FMI já se equivocou uma vez, em relação ao Real. E é possível que esteja, novamente, atrasado em tomar conhecimento das políticas que estão sendo implantadas no país."
FHC, segundo Amaral, ainda não teve acesso ao estudo do FMI.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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