São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 1997
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Sansão entra em campo de cabelo chanel

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Depois do amigável arranca-rabo com o Juca, no seu programa da CNT-Gazeta, recebi um telefonema do Hélio Viana, braço direito de Pelé no Ministério dos Esportes e na sua empresa, principal responsável pela lei que já tramita no Congresso.
Garante-me o Hélio que a inserção do voto unitário no projeto Pelé é uma exigência constitucional e vem cercado de salvaguardas tantas e tais que será impossível um retorno às trevas de sua primeira instituição, lá pelos anos 70.
Resumindo: o dispositivo que remete toda e qualquer associação esportiva (clubes, federações e confederação) que participe ou organize torneios de futebol profissional ao Código Comercial forçará inevitavelmente a transformação dos departamentos de futebol profissional dos clubes em empresas (de preferência, de capital aberto) e a criação de ligas nos moldes da NBA. Isso porque as próprias federações e confederação, para não perderem as isenções fiscais de que gozam hoje em dia, haverão de optar pelo novo sistema. A não ser que assumam os riscos da realização desses torneios.
Assim, o voto unitário passa a se despir de sua atuação deletéria, assumindo ares mais de instrumento de controle das contas das entidades do que outra coisa, já que seu universo se expande a todos os clubes filiados no país inteiro, no caso da CBF.
Espero em Deus que assim venha a ser mesmo. E que eu tenha sido vítima da chamada informação pela metade ao condenar o projeto na crônica de segunda-feira e no programa do Juca.
*
Sansão entra em campo esta noite, de cabelos Chanel, digamos. Sim, porque nem Santos nem São Paulo têm revelado a força apregoada antes do início do torneio, tampouco se encontram abatidos, entregues aos filisteus.
Na verdade, ambos caminham sobre tênue linha que separa a glória do fracasso.
E, se bem lembrado, foram as duas equipes paulistas que tiveram os momentos mais brilhantes ao longo da temporada, para, em seguida, despencarem como se a tabela fosse um tobogã.
No caso santista, desconfio de que a grande diferença está na ausência de Vágner, um craque de múltiplas funções, que conferia ao time (sobretudo ao meio-campo), além de inteligência, um ar de superioridade que se desfez com sua ida para a Itália.
No caso tricolor, as frequentes ausências de Denílson, por vários motivos.
Isso, sem contar as carências crônicas de ambos -no Santos, a lateral-esquerda; no São Paulo, a direita. Nos dois, a zaga central.
*
Morreu Caxambu, Hélio Geraldo Caxambu, que na década de 40 defendeu as metas da Lusa, do São Paulo e da seleção. Impecável, dentro e fora do campo, com aquele porte de embaixador do Congo, é um candidato eterno à seleção dos mais elegantes do Matinas.

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