São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 1997 |
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Konitz promete jazz 'não comprometido'
CARLOS BOZZO JUNIOR
Com meio século de atividade, esse norte-americano de Chicago já tocou com literalmente todos os nomes que contam, de Miles Davis a Bill Evans, passando por Chet Baker e Joe Henderson. Conhecido como precursor do free jazz, e pelos improvisos que executa em seus saxes -ele toca soprano, tenor e alto-, Konitz falou à Folha por telefone, de sua casa em Nova York, na última segunda, sobre sua participação no Free Jazz 1997. O músico se apresenta nos dias 11 (Rio de Janeiro), 12 (São Paulo) e 13 de outubro (Porto Alegre), dentro da programação do festival. * Folha - O que o sr. pretende tocar no Brasil? Lee Konitz - Tocaremos basicamente standards, como "All The Things You Are"... Na realidade, o material que iremos apresentar é muito familiar para nós, por isso nos deixa livres para improvisar. Folha - Há alguma música brasileira nesse material? Konitz - Provavelmente sim, mas ainda não sei o quê. Acabo de chegar de um ensaio, e lá estávamos tocando alguns temas do Jobim. Bem, o festival se chama Free Jazz, certo? Folha - Em uma recente entrevista para a revista "Down Beat", Kenny Garrett, que toca na mesma noite que a do sr. no Free Jazz, afirmou estar no mundo em uma missão. O que o sr. acha disso? Konitz - Ele toca bem, mas não chamaria isso de sobrenatural. Acho que ele está envolvido em coisas religiosas como as do (saxofonista John) Coltrane. Folha - Ainda no mesmo Free Jazz, há uma noite com o músico Goldie, estrela do jungle, que alguns já estão chamando de a renovação do jazz. Qual a sua opinião? Konitz - Não conheço. Jungle music? Folha - Sim. Konitz - Dizem isso sobre vários tipos de música. Na realidade, as pessoas tentam coisas diferentes para fazerem boa música e elas têm de colocar um nome nisso. Folha - O que o sr. considera "boa música"? Konitz - Aquela tocada por alguém que trabalhou nela de forma sincera, sem nenhum tipo de comprometimento. Eu não chamo a música de Kenny G. de uma boa música, por exemplo. Embora seja bem feita, é muito apelativa. Folha - O jazz o deixou rico? Konitz - Espiritualmente, sim. Em 1996, fui capaz de poupar um pouco de dinheiro, mas durante muitos anos isto foi um problema. Folha - Quem vem para o Brasil com o sr.? Konitz - Marc Johnson, baixista, e Jeff Williams, baterista. Folha - Em 1989, o sr. gravou com alguns músicos brasileiros. O que achou da experiência? Konitz - Foi muito bom, muito divertido. Todos são ótimos músicos, adoro o jeito que eles tocam. Há alguns anos, fiz um disco no Rio com uma seção rítmica de lá e foi fabuloso. Folha - Quando em casa, que música o sr. ouve? Konitz - Alguns de meus favoritos são Louis Armstrong, Charlie Parker, Lester Young, Wayne Shorter, Coltrane, Bartók, Bach... Adoro a boa música. Folha - A diversidade atual dos festivais de jazz não o incomoda? Konitz - Toda oportunidade dada às pessoas para que ouçam e toquem música é boa. Algumas dão certo, outras não, mas gosto da maioria. O festival de Montreal é um exemplo do que dá certo. Texto Anterior: Americana fala de pós-morte em SP Próximo Texto: Short, 73, brilha; platéia não pede bis Índice |
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