São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 1997
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Clinton faz exigências para aprovar o acordo do tabaco

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, vai anunciar hoje que o acordo entre produtores de cigarro e 40 Estados do país só vai receber seu apoio se sofrer grandes mudanças.
Entre elas: maior controle do governo federal sobre a comercialização do fumo, restrições mais amplas à publicidade dos produtos de tabaco e punições financeiras contra as empresas se o consumo de cigarro entre adolescentes não diminuir de maneira significativa.
Segundo o porta-voz do presidente, Mike McCurry, Clinton não vai propor sugestões específicas, exceto no caso das punições. Se o número de fumantes adolescentes não cair 30% em cinco anos, Clinton quer criar impostos suplementares que elevarão o preço do maço de cigarro em US$ 1,50 (um maço de Marlboro Light custa US$ 2,50).
O acordo, acertado em junho entre promotores públicos estaduais e representantes da indústria, prevê a criação em 25 anos de um fundo de US$ 368,5 bilhões para indenizar pessoas que adoeceram por causa do fumo em troca do fim das ações individuais e coletivas contra os produtores de cigarro.
Pelo acordo, as empresas concordam em restringir sua publicidade de maneira dramática e aceitam alguma supervisão governamental sobre suas atividades.
Mas a maioria dos líderes da campanha antifumo nos EUA achou o acordo insuficiente. O Congresso e o governo federal precisam aprová-lo para que ele possa entrar em vigor. Clinton tem estudado o assunto nos últimos três meses e sua equipe está dividida.
No Congresso, representantes dos Estados produtores de tabaco estão dispostos a ratificar o acordo, mas os das regiões em que a oposição ao fumo é maior tendem a pedir mais restrições. A divisão no Legislativo e no Executivo indica que o acordo não será ratificado este ano. Mas McCurry disse ontem que isso ainda é possível.
Entre os pontos que Clinton pretende abordar hoje está a previsão feita em estudo do Departamento do Tesouro de que as empresas produtoras de cigarro continuarão a ser bastante lucrativas mesmo após os 25 anos de pagamentos aos Estados previstos no acordo.
Uma das razões por que os críticos do acordo o condenam é o fato de que o valor das ações dos produtores de cigarro nas bolsas de valores do país aumentou após a divulgação de seus termos.
"Se os investidores estão apostando no acordo, o público deve ficar contra ele", diz Everett Kopp, ex-"surgeon general" (principal autoridade médica do país) e um dos mais famosos defensores de maiores restrições ao cigarro.

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