São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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Falta de estrutura atrapalhou contagem

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Tanto o Instituto Adolfo Lutz como a Vigilância Epidemiológica creditam a defasagem entre os dados oficiais e o número real de casos à falta de estrutura desses órgãos para o sarampo.
O médico Ciro Rossetti, do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), afirmou que o órgão não registrou o total de casos confirmados pelo Adolfo Lutz por não ter recebido ainda os resultados. Segundo ele, os últimos dados foram enviados ao CVE há dez dias.
Quando recebe os resultados, o CVE os compara com os registros de seu computador e confirma oficialmente o caso. Dos casos confirmados por laboratório, Rossetti diz que quase 100% são incluídos no registro oficial.
O Adolfo Lutz confirma o atraso. Segundo a pesquisadora Ana Maria Afonso, o instituto contava, até a semana passada, com quatro funcionários para receber as amostras, fazer a análise e processar os resultados, para então mandá-los ao CVE. Dois novos funcionários foram contratados para fazer a digitação dos dados.
Até a última remessa de dados, o CVE ainda recebia o registro dos casos em fichas de papel contadas manualmente.
Só recentemente foi introduzido um programa de computador para o registro dos casos no Adolfo Lutz. Agora, todos os dados devem ser enviados em disquete. No CVE, também não havia, no início, programas de computador para o registro dos casos.
A pesquisadora do Adolfo Lutz afirma que o instituto deve enviar hoje à vigilância cerca de 5 mil novos resultados.
Outra providência que deve ser tomada pelo instituto é a triagem das fichas de identificação das amostras de sangue. Segundo Afonso, muitas delas chegam incompletas, dificultando o trabalho da vigilância epidemiológica.
Agora, o instituto vai devolver as fichas que chegarem incompletas.
A falta de estrutura contribuiu também para a demora na análise das amostras no início da epidemia. Segundo o diretor-geral do Adolfo Lutz, faltaram kits para análise do sangue.
"Usávamos cerca de 400 kits por ano. Planejamos comprar pouco mais que isso para 97 e fomos pegos de surpresa", disse Marques.
Segundo ele, o Adolfo Lutz recebe mais de 500 amostras por dia e ainda não analisou as amostras de agosto. Está dando prioridade às de setembro, para tentar saber a situação atual da epidemia.
Marques disse ainda que outras instituições públicas devem começar fazer as análises.
"Com essas mudanças, a situação já será outra, mais bem estruturada", disse o médico do CVE Ciro Rossetti.
Para o infectologista Caio Rosenthal, 48, do hospital Emílio Ribas e do Servidor Público, se há suspeita de epidemia, não se deveria aguardar os resultados das análises para que a vacinação fosse iniciada.

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