São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Emerson rejeita cama em biografia

FÁBIO SEIXAS

FÁBIO SEIXAS; JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI

Folha publica hoje, com exclusividade, trecho do livro que o piloto brasileiro lança no ano que vem

Um relato cheio de incertezas, com um tom melancólico, quase uma meditação, abre a autobiografia que o piloto Emerson Fittipaldi, 50, lança no ano que vem.
Escrito em parceria com o norte-americano Peter Golenbock, a obra pretende condensar a carreira do brasileiro desde os "rachas" pelas ruas do bairro paulistano do Pacaembu até o acidente que esmagou sua sétima vértebra cervical, em Michigan, no ano passado.
A Folha traz hoje, com exclusividade, os parágrafos que abrem o livro, ainda sem título definido.
"Olhando para o Abismo", primeiro capítulo da autobiografia, relata os sentimentos de Emerson logo após o acidente de Michigan, ainda na cama do Jackson Memorial Hospital, em Miami.
Nele, o bicampeão da F-1 (72 e 74) e campeão da Indy (89) fala de suas incertezas quanto à retomada da carreira, da "mensagem" de Deus, da pressão familiar para que abandone as pistas.
"Por um milésimo de polegada, escapei de ficar paraplégico", conta Emerson, em um dos trechos iniciais do livro. "Não posso acreditar que isso aconteceu comigo."
O piloto fala ainda de sua aflição por ficar "preso" a uma cama de hospital. "Meu lugar é em um carro de corrida", diz.
Segundo Emerson, a autobiografia é uma chance de contar os bastidores, nem sempre limpos, do automobilismo.
"Não quero mostrar só as conquistas, os momentos felizes", diz. "Vou contar também um pouco das dificuldades e sofrimentos que existem no meio."
Ultraleve
Ironicamente, o acidente da ultraleve que o piloto sofreu há 11 dias, na região de Araraquara, deve dar novo fôlego ao livro.
Devido a seus negócios no Brasil e aos estudos dos filhos Luca, Joana e Tatiana, Emerson, a partir do início do ano, começou a passar mais tempo em São Paulo.
Isso dificultou seus encontros com Golenbock em sua casa em Key Biscayne, na costa de Miami.
"Estávamos parados no meio de sua carreira na F-1", afirma o escritor, que, neste trabalho, fará papel de "ghost writer".
"Na semana que vem, acho que vamos retomar a narrativa."
Segundo a Folha apurou, o livro deve ser lançado nos mercados norte-americano e brasileiro em meados de junho do ano que vem.
Recentemente, Golenbock e Emerson assinaram contrato com a Editora Objetiva, vendendo os direitos de publicação no Brasil.
"Será uma narrativa cronológica", afirma Golenbock. "Após falar do acidente de Michigan, o Emerson começa a relatar o início de sua carreira, e daí por diante."
A partir da próxima reunião, entretanto, a conversa pode mudar.
Na semana passada, o médico da Cart (entidade que dirige a Indy), Stephen Olvey, anunciou que o brasileiro não terá mais condições de ser competitivo na categoria.
"Não falamos sobre isso ainda", diz o escritor.

Colaborou José Henrique Mariante, da Reportagem Local

LEIA trecho inédito do livro de Emerson à pág. 4-3

Texto Anterior: O que ver na TV
Próximo Texto: Quem quer um goleiro "made in Brazil"?
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.