São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 1997
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Economistas apostam em juro estável em 97

VANESSA ADACHI

VANESSA ADACHI; LUIZ CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Profissionais da área econômica de bancos internacionais acreditam que o governo não cortará os juros neste ano. O mais provável, segundo eles, é que a medida seja adotada no início do próximo ano. A perspectiva de recessão provocada pela altas taxas, no entanto, é afastada.
O economista-chefe do Citibank, Carlos Kawall, acredita que o governo brasileiro preferirá manter os juros no atual patamar até o final de 97, devido à expectativa de elevação da taxa de juros nos Estados Unidos e na Alemanha.
"A elevação dos juros norte-americanos pode não sair na próxima reunião do Federal Reserve Board, mas permanece latente", disse Kawall.
Dalton Gardimam, do Deutsche Morgan Greenfell, concorda que dificilmente o governo irá reduzir os juros básicos.
Para ele, caso o banco central dos EUA decida elevar suas taxas, pode haver inclusive uma correção para cima dos juros brasileiras.
"Manter os juros estáveis, no momento, é o correto, quando se leva em conta que o Real é um plano capenga do lado externo", avalia Gardimam.
Para Odair Abate, do Lloyds Bank, o governo terá uma postura "conservadora".
"A equipe econômica prefere demorar um pouco para cortar os juros a correr o risco de se precipitar e ser obrigada a voltar atrás", disse.
Ele acredita, no entanto, que cedo ou tarde haverá a necessidade de corte nos juros reais. "Talvez novembro seja uma boa ocasião para isso", disse.
Quanto à ameaça de recessão a partir do próximo ano, levantada pela Fipe, Odair Abate disse não concordar. "A baixa inflação do segundo semestre, próxima a zero, será muito influenciada por agosto. Mas, no mês passado a forte deflação foi puxada pelo setor de vestuário e teve caráter sazonal".
Kawall, do Citi, defende a mesma idéia. "Os dados da própria Fipe mostram que a deflação foi puxada por vestuários", disse.
Para o economista, há uma queda de consumo evidente, mas por outro lado os setores de construção civil e bens de capital crescem.
Odair Abate ressalta que a própria pauta de importações brasileira contradiz projeções de recessão.

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