São Paulo, domingo, 21 de setembro de 1997
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Executivos aderem à gestão temporária

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles têm idade para "pendurar as chuteiras" e renda capaz de curtir uma tranquila aposentadoria.
Executivos que já passaram da fronteira dos 50 anos, eles acham que têm muita vitalidade e conhecimento acumulado -principalmente na gestão de multinacionais- para deixarem de trabalhar e simplesmente esperar os netos chegarem.
Encontram a saída dessa equação no "interim management", que significa gestão ou administração temporária de empresas.
Na prática, esses executivos assumem empresas em crise, encontram soluções, fazem o sucessor e partem para outra empresa.
"O fato de ter tarefas determinadas e tempo para cumpri-las é o que mais me atrai nesse tipo de gestão", diz Antônio Sidney Cancherini, 59, atual "controler" (uma espécie de diretor financeiro) da Van Melle.
Cancherini partiu para a administração temporária em meados deste ano, após deixar um trabalho de 12 anos na Federal Express e tirar férias por dois meses.
No caso, o executivo preenche um vazio no comando da empresa. O último diretor financeiro saiu e a matriz holandesa prepara um substituto do país para o cargo.
"O contrato deve acabar no final do ano. Antes de assumir uma nova empresa, pretendo fazer mais um curso de especialização", afirma Cancherini.
Peter Seelig, 60, um dos grandes entusiastas desse tipo de gestão, diz que conheceu o "interim management" em viagens ao exterior. Em fevereiro passado, abriu uma divisão da HPS para cuidar do assunto. "Já contamos com oito 'interim manager', além de mim e de meu sócio", afirma.
Notoriedade
O mais conhecido representante do "interim management" no Brasil é o executivo Edson Vaz Musa, 60, aposentado no final do ano passado do conselho mundial da Rhône-Poulanc e da presidência da subsidiária do grupo no Brasil, a Rhodia.
Sócio na empresa MGDK, Musa tenta recuperar a Unipar e a Caloi. Riccardo Gambarotto, sócio da empresa, diz que a principal diferença da gestão temporária e do trabalho de consultoria é que a primeira "põe a mão na massa". Ou seja, em vez de sugerir a reestruturação da empresa, o "interim manager" faz a mudança.
"Nossa remuneração depende do desempenho conseguido", afirma Gambarotto.
Para o executivo, apesar de muitos gestores temporários serem oriundos de carreiras bem-sucedidas em multinacionais, o "interim manager" não é necessariamente uma pessoa de idade.

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