São Paulo, domingo, 21 de setembro de 1997
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Estudantes resolvem encarar a cozinha

PEDRO CARDILLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para algumas pessoas, trabalhar na cozinha seria um suplício. Para outras, o paraíso. Por conta disso, o perfil dos profissionais dessa área mudou na década de 90.
A procura pelos cursos de cozinheiro básico e "chef" internacional cresceu junto com a participação de estudantes com segundo grau completo ou nível superior, segundo o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
Esse é o caso de Marcelo Madoka Sakamoto, 26. Depois de trocar o curso de agronomia por nutrição, ambos na USP (Universidade de São Paulo), ele decidiu que queria ser "chef" de cozinha.
Começou como estagiário no Filomena (SP) e, quase dois anos depois, é cozinheiro do turno diurno do restaurante. "Tem de gostar, pois o trabalho é pesado."
Alex Atala, 30, "chef" do Filomena, afirma que houve mudança de mentalidade no Brasil. "Hoje, cozinhar é encarado como uma profissão, nobre até. Não é mais um subemprego."
Mas, para ser um bom cozinheiro, não basta estudar. Tem de trabalhar. E muito. Todos os profissionais da área concordam em um ponto: experiência é fundamental.
José Pereira, "chef" do restaurante francês Le Coq Hardy (SP), é enfático: "A teoria é boa, mas nada substitui a prática".
Segundo Pereira, a rotina de trabalho em uma cozinha é estressante. Chegam a trabalhar 16 horas em um dia. "O funcionário tem de se dedicar, tem de mostrar serviço."
Sergio Fidelis, 40, "chef" da Refinações de Milho Brasil, concorda com a afirmação. Para ele, ex-aluno do Senac, a experiência é fundamental, pois a área está se profissionalizando rapidamente.
O campo de atuação está se expandindo, segundo profissionais do mercado. Cozinheiros têm postos de trabalho garantidos em bufês, cozinhas industriais, hospitais, hotéis, restaurantes e indústrias alimentícias.
Atala afirma que quem quiser continuar trabalhando terá de acompanhar a profissionalização crescente do setor. "A tendência é contratar pessoas com experiência e formação na área."
Gabriela Martinoli, 23, tem o perfil desse novo profissional de cozinha. É formada em hotelaria pelo Senac e já estagiou em restaurantes renomados. Hoje é assistente e quer chegar até "chef".

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