São Paulo, domingo, 21 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Amazônia intocada

GABRIELA MICHELOTTI

Estado do Acre tem 70% de seu território constituído por reservas extrativistas, indígenas e pelo Parque Nacional da Serra do Divisor
Pouco explorado e com mais da metade de seu território protegido contra a devastação, o Estado do Acre é parada obrigatória para o turista ecológico que quer conhecer a Amazônia.
Cerca de 70% de seu território se constitui de reservas extrativistas, indígenas e do Parque Nacional da Serra do Divisor, áreas protegidas pelo Ibama e Funai.
As reservas extrativistas são ideais para caminhadas, que podem ser feitas por meio dos varadores, pequenas trilhas que vão de um seringal a outro, cortando as reservas e percorrendo áreas de mata praticamente intactas. A viagem exige um bom preparo físico. O acesso é feito à pé, e, para chegar aos seringais, é preciso horas de caminhada.
Andando pelos varadores pode-se observar toda a beleza peculiar da região amazônica, com árvores gigantes e raízes de quatro metros, além de macacos brincando entre as copas. Com sorte, o visitante vai encontrar pelo caminho outros animais silvestres, como queixadas, veados e porcos-do-mato.
Nas reservas também podem ser conhecidas as atividades dos seringueiros, como a extração da borracha e a coleta de castanha, feitas em trilhas pela mata.
Um projeto do município de Xapuri, com verba do ministério do Meio-Ambiente, deve facilitar o turismo na região e atrair mais visitantes. A idéia é, no prazo de um ano, organizar visitas guiadas dentro das reservas. Algumas pousadas já foram construídas em duas colocações (pequenas vilas no meio da mata onde moram os seringueiros) para abrigar os visitantes, uma delas dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes.
"Muitos estrangeiros e ecologistas já vêm aqui para conhecer de perto os povos da floresta e a mata. Queremos aumentar o número de visitantes", afirma a geógrafa Beatriz de Figueiredo Ribeiro, uma das responsáveis pelo projeto de turismo da região.
Mas o turismo nas reservas -que está apenas começando- é só para quem gosta de aventura e pouco conforto. A hospedagem segue o estilo das casas dos seringueiros, de madeira com telhado em palha. Não há luz elétrica, as únicas camas disponíveis são as redes, e o banho só é possível em igarapés. Para completar, não é difícil topar com bichos nada amigáveis, como jararacas e onças pintadas.
História de índio
Em Rio Branco, capital do Acre, o turista pode conhecer um pouco da história da borracha e dos seringueiros. Na Casa do Seringueiro está aberta à visitação uma réplica de uma habitação típica de seringueiros. No Museu da Borracha, estão expostos objetos de todo o ciclo da borracha e uma boa coleção de apetrechos das tribos indígenas da região.
A forte influência indígena é outro atrativo do Acre. É possível visitar aldeias das várias tribos do Estado, entre elas, os kaxinawá, kampa e ashaninka. Para isso, basta procurar a ajuda de alguma das várias ONGs que trabalham com os índios no Estado. O acesso é feito pelos rios Jordão, Iaco, Acre ou Purus. As viagens podem durar até um dia. É no vale do rio Purus que ficam algumas das únicas tribos hostis do país, que não mantêm contato com brancos.
No extremo oeste do Estado, fica o Parque Nacional da Serra do Divisor, o único parque ecológico do Estado, que já apresenta uma vegetação amazônica com influência andina -com águas cristalinas, diferentes dos rios barrentos da Amazônia.
O acesso ao parque é restrito. Primeiro, é necessário obter autorização do Ibama. O parque é habitado por tribos indígenas e algumas famílias brancas, além de uma vasta fauna, como pacas, quatis, macacos e porcos-do-mato.

ONDE ENCONTRAR - Passagem aérea ida e volta São Paulo-Rio Branco pela Varig: R$ 667,88 (permanência de no mínimo 5 dias e no máximo 30, reserva com 15 dias de antecedência). Escalas em Brasília e Porto Velho ou Campo Grande e Cuiabá. Passagem de ônibus Rio Branco-Xapuri: R$ 12.

Vacinas necessárias: Cedip (hepatite A e B). Al. Jaú, 759, Cerqueira César, região sudoeste. Tel. 288-4266. Hepatite A, R$ 65, e B, R$ 55. Aeroporto de Congonhas (febre amarela). Ala Sul, sala 23. De seg. a sex., 9h/11h30 e 14h/16h30. Tel. 241-2373. Gratuita.

Texto Anterior: Para começo, foi até bom
Próximo Texto: Foto síntese
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.