São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 1997
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Catadores de papel têm escola

DA AGÊNCIA FOLHA EM BELO HORIZONTE

A escola de alfabetização de catadores de papel está completando um ano neste mês e já está mudando a vida dos 16 alunos -a maioria mulheres.
"Já estou sabendo ler e aprendendo a me comunicar com as pessoas", disse Maria das Graças Marçal, 47, conhecida por "dona Geralda". Ela trabalha como catadora de papel nas ruas de Belo Horizonte desde os oito anos.
Junto com o marido e uma filha de 16 anos, ela arrecada por mês de dois a três salários mínimos.
Segundo ela, a alfabetização dos catadores de papel, que não tiveram a oportunidade de passar por escolas convencionais, faz com que os pais entendam a importância da educação e incentivem seus filhos a frequentarem escolas.
"A maioria aqui já nasceu sem oportunidades", afirmou ela.
Depois de 39 anos catando papel, Maria das Graças preside a Asmare (Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reciclável), parceira da prefeitura e da Pastoral de Rua na criação da escola.
Em julho, ela representou os catadores de papel em congresso sobre desenvolvimento sustentado, promovido pela ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York.
Luciene Jesus Teixeira, 30, disse que as aulas vão possibilitar que ela acompanhe o desempenho dos seus seis filhos na escola e ajudá-la a ler preços em supermercados e farmácias. "Já peguei ônibus errado por não saber ler", disse.

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