São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cigarro é 2ª droga mais usada

NOELLY RUSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A segunda droga mais usada entre os alunos da USP, segundo a pesquisa, foi o tabaco -43,3% dos alunos já o experimentaram pelo menos uma vez na vida.
"O que causa mais surpresa é o alto uso de tabaco, o maior de todo o estudo, entre os estudantes da área de biológicas. Eles sabem que o cigarro provoca câncer, mas fumam muito", diz o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, coordenador do Grea -Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Grea).
Entre os motivos apontados por ele para o alto consumo de cigarro e drogas, em geral, entre os estudantes da área de biológicas, está a pressão dos cursos.
"Um estudante de medicina fica sob muita pressão. É muito difícil ver um paciente morrer ou ter de participar de uma cirurgia delicada, de uma amputação. São situações de estresse extremo. Isso ajuda os estudantes a fumar mais ou a procurar uma forma de relaxar."
"Parecem ter um perfil mais adulto, que procura mais a preservação, apesar da pressão a que também estão submetidos. Todos sabem que estudar na Escola Politécnica não é fácil", afirmou Andrade.
Observação
Para o psiquiatra, hoje os estudantes usam muito mais drogas que os colegas de sua turma.
"Não há comprovação científica. É uma observação impressionista. A partir dessa pesquisa será possível comparar o uso de drogas dessa geração e de futuros universitários", afirma.
"Hoje há muito mais drogas disponíveis e o acesso a vários tipos de drogas está mais fácil. Existe propaganda e pressão para o consumo de cigarros e álcool por toda a parte. Também hoje os jovens têm menos perspectiva de futuro. Esse vácuo cria espaço para a droga aparecer."
Andrade afirma ainda que a modificação nos relacionamentos pode contribuir para o uso mais intenso de drogas.
"Antes as pessoas namoravam, tinham compromissos. Hoje, os casais ficam. Depois de ficar, não fica nada", diz Andrade.
(NR)

Texto Anterior: Controle opõe alunos à reitoria
Próximo Texto: Para especialista, dados são preocupantes
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.