São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997
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Motta 'sufocava' Executiva, avaliam líderes do PSDB

ELIANE CANTANHÊDE; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião, cúpula tucana diz que saída de ministro dá 'alívio'

Reunida em almoço, ontem, a cúpula do PSDB avaliou que a renúncia do ministro Sérgio Motta (Comunicações) ao seu cargo na Executiva Nacional do partido foi "um alívio" porque ele "sufocava" as iniciativas dos demais integrantes.
Ficou acertado que a partir de agora a Executiva terá mais autonomia para as operações nitidamente partidárias e Sérgio Motta continuará atuando politicamente, mas nos bastidores, em questões específicas. E ele não está excluído do comando da reeleição.
A Folha apurou que o presidente Fernando Henrique Cardoso deu seu aval a essa fórmula. Acha, inclusive, que os ministros tucanos Paulo Renato (Educação) e Antonio Kandir (Planejamento) se sentirão "mais à vontade" para atuar.
"O fato de Sérgio Motta ter pedido para sair da Executiva não significa que ele vai abandonar suas ações no partido", disse o presidente nacional do PSDB, senador Teotonio Vilela Filho (AL), que sai fortalecido da crise.
"O tom das críticas foi alto, mas é perfeitamente administrável", acrescentou Teotonio, sobre a acusação de Motta de que o PSDB está virando um "partido-ônibus", por abrir indiscriminadamente as filiações.
O presidente tucano disse que a política de adesões não vai mudar, porque, "se fosse de crescimento desbragado, o partido teria crescido mais". Teotonio afirmou que a Executiva considera a filiação do ex-governador baiano Nilo Coelho "um assunto encerrado". Foi essa filiação o pivô da crise no partido. Os parlamentares presentes ao almoço na casa do senador alagoano acertaram que fariam elogios a Sérgio Motta e à sua atuação partidária. "O ministro não tem inimigos na Executiva. Ele é respeitado e amado. Só que o PSDB não é um partido de donos", disse Teotonio.
O líder na Câmara, Aécio Neves (MG), elogiou Motta como "um grande companheiro". O deputado Arnaldo Madeira (SP) disse que "o partido não pode prescindir da atuação vibrante do ministro". O também deputado José Aníbal (SP) acrescentou: "Ninguém o imagina longe da política".
A questão considerada mais grave no partido continua sendo a ameaça do ex-governador Ciro Gomes (Ceará) de se filiar ao PSB e disputar a Presidência com FHC.
Se ele sair do PSDB, será considerado adversário. Se ficar, a Executiva vai deixar claro que as críticas ao presidente da República têm limite. Quem ultrapassar esse limite estará sujeito a sanções. A mais forte é a expulsão do partido.
Novas adesões
O PSDB chegou ontem a cem deputados federais, com a filiação de um representante do Ceará, Aníbal Gomes, e três representantes de Mato Grosso do Sul: Marisa Serrano, pré-candidata ao governo do Estado em 1998, Marçal Filho e Dilso Sperafico.
Mas o partido continua perdendo filiados. Almino Affonso (SP) sai no dia 30. Caso se confirme a saída de Ciro Gomes, ele deverá levar pelo menos seis tucanos com ele. A Executiva está atuando para evitar novas perdas, especialmente no Espírito Santo, no Ceará, em Pernambuco e na Bahia.

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