São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997
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Afastamento deixa marcas no partido

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O afastamento de Sérgio Motta da Executiva do PSDB deve deixar sequelas no interior do partido. Para deputados tucanos, o ministro tentou dar um golpe contra Teotonio Vilela Filho, presidente do PSDB. Como não conseguiu, abandonou a direção partidária.
Segundo esses deputados, Motta contava apenas com o apoio do senador José Serra (PSDB-SP). De acordo com essa avaliação, Motta não esperava as manifestações de solidariedade ao presidente tucano, após os ataques que fez a ele.
Motta usou contra a direção do PSDB o mesmo método que costuma usar no governo, segundo avaliação de seus correligionários. Nesse caso, o ministro também tentou demonstrar que tem controle absoluto sobre o partido.
Segundo esses tucanos, muita gente no PSDB ficou insatisfeita com a filiação do ex-governador baiano Nilo Coelho. Mas entendem que a decisão do Diretório baiano tem que ser respeitada. Na opinião deles, não dá para derrubar essa decisão no grito.
Só sabe ganhar
Para os deputados, Motta não está acostumado a ser contrariado. Ninguém se lembra de um outro momento em que ele tenha saído derrotado de embates no partido ou no governo.
O ministro sempre foi acostumado a ganhar.
Os tucanos acreditam que, nesse episódio, outro fato também pesou para a reação do ministro. Motta teria prometido a Antonio Carlos Magalhães que Coelho teria mesmo sua filiação impugnada.
Os deputados acham que ACM está mesmo por trás da pressão de Motta. O ministro não empregou a mesma fúria contra outros filiados ao partido, alguns com perfis igualmente comprometedores.
Os peessedebistas acham que tem que haver controle mais rígido sobre os políticos que querem entrar no partido. Entendem que, a partir de agora, esse controle deve ser feito pelo Diretório Nacional.
Muitos desses tucanos se consideram amigos de Motta. Mas entendem que, tão grave quanto a filiação de políticos que desfigurem o PSDB, é a tentativa de Motta de atropelar instâncias partidárias.

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