São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997
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Motta quer retomar espaço

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As recentes atitudes de Sérgio Motta atendem a uma lógica traçada pelo ministro para tentar recuperar o espaço que perdeu junto ao presidente da República. A seguir, um roteiro do que foi dito nos bastidores tucanos ontem para explicar o que levou Motta a sair da direção do PSDB:
1) perda de prestígio - FHC percebeu, segundo a Folha apurou, que exagerou no poder dado a Sérgio Motta no início do governo.
O presidente teria consolidado essa idéia em duas ocasiões recentes. Primeiro, em maio, quando surgiu o escândalo da compra de votos a favor da reeleição e Motta apareceu como um dos principais envolvidos. Depois, com uma ácida entrevista concedida pelo ministro à revista "Veja".
Por conta disso, FHC decidiu minguar o poder outorgado a Motta. Ordenou ao amigo que parasse de interferir na política do governo. E que se restringisse ao partido, o PSDB;
2) refúgio no PSDB - sem espaço junto a FHC, Motta passou a explorar ao máximo sua participação na direção partidária. Fez discursos inflamados em defesa de um partido puro, fiel aos ideais iniciais da sigla. Entendeu que essa seria uma boa forma para recuperar prestígio junto ao presidente;
3) o inimigo Nilo - apesar de ter sido um dos incentivadores do inchaço do PSDB, Motta percebeu que o discurso purista tinha boa acolhida na direção partidária.
Quando Nilo Coelho, ex-governador da Bahia, entrou no partido, Motta sentiu a chance de patrocinar uma depuração do PSDB. Só que não contava com a falta de apoio dos dirigentes tucanos. Sem Nilo, o PSDB quase morreria na Bahia.
4) por que Nilo? - como o PSDB hoje está infestado de políticos cujo passado é de direita, há duas versões para Motta ter escolhido Nilo como inimigo preferencial. A primeira é que o ministro estaria prestando um serviço ao senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), inimigo de Nilo na Bahia. A segunda hipótese é que Serjão escolheu o ex-governador porque seria uma figura emblemática daquilo que o PSDB sempre execrou.
(FR)

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