São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997
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Terceiro Mundo concentra 80% dos acidentes

América Latina tem 7% do tráfego

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Dados da Ifalpa (Federação Internacional das Associações de Pilotos de Linha Aérea) indicam a concentração, na América Latina, de 25% dos acidentes ocorridos no mundo e de apenas 7% do movimento de pousos e decolagens.
Em entrevista à Folha, o presidente da Ifalpa, o canadense Rob McInnis, 48, disse que os últimos acidentes aéreos ocorridos no Brasil confirmam padrões deficientes de segurança e aparelhagem de vôo observados pela entidade em países do Terceiro Mundo.
"O Terceiro Mundo tem 80% do total de acidentes em todo o mundo, e a cifra de acidentes na América Latina é 20 vezes maior do que na Europa", afirmou McInnis, que participa de um encontro internacional de pilotos de helicóptero.
McInnis disse que uma das formas de facilitar a investigação sobre acidentes aéreos é desvincular o controle da aviação civil de organismos militares.
Desregulamentação
A Ifalpa e o SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas) temem que as propostas de desregulamentação total do mercado da aviação civil -a abertura do mercado para realização de mais vôos e entrada de mais empresas no país- provoquem um relaxamento nos padrões de segurança.
Os argumentos a favor da desregulamentação são a redução no preço das tarifas e a maior oferta de vôos, por causa do aumento da concorrência entre as empresas.
"Mas não adianta ter preço baixo sem segurança. Em muitos países, os acidentes aumentaram, porque a segurança desapareceu."
O presidente do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), Luiz Fernando Collares, afirmou que a entidade não é contra a política de desregulamentação, mas quer discutir segurança de vôo e custos de passagens.
O SNA está também em campanha pela regulamentação de alguns artigos do decreto que proibiu o porte de armas de fogo em aeronaves. Faltam ser definidos os casos especiais, como as armas usadas por policiais ou militares.
Em maio deste ano, o piloto da Varig Carlos Camacho chegou a ser preso por não ter permitido que policiais federais viajassem armados. "Foi a pior situação que já enfrentei em 25 anos de vôo.".

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