São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997
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Importação leva o MICT a intimar Ford

Montadora teria descumprido regime automotivo

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A montadora Ford será intimada pelo MICT (Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo) a responder pelo descumprimento das regras do regime automotivo em operações de importação de 30 mil veículos da Argentina.
Até o final do ano, a empresa terá duas saídas. A primeira será pagar o Imposto de Importação integral sobre essas compras externas, algo em torno de US$ 190 milhões.
A outra saída será compensar as importações como manda o regime -com exportações ou adiantamento de investimentos prometidos para os próximos anos.
A Folha apurou que técnicos da empresas começaram nesta semana a calcular como se dará a compensação.
A infração foi denunciada pela própria empresa ao governo. Na semana passada, a Ford encaminhou à Secretaria de Política Industrial do MICT uma carta na qual confirmava a importação dos 30 mil veículos.
Por serem provenientes da Argentina, os produtos entraram no país sem pagar o II.
No texto, entretanto, a empresa dizia que as importações haviam sido realizadas por meio da Cotia Trading, uma empresa especializada em operacionalizar as compras externas, especialmente de cerca de 80% de veículos estrangeiros vendidos no Brasil.
Por não ter tocado diretamente a importação dos 30 mil veículos, a empresa julgava que estaria imune a uma das principais regras do regime automotivo.
Essa regra, conhecida como trade balance, basicamente obriga as empresas do setor automotivo a exportar o mesmo volume de dólares de suas importações de automóveis, autopeças e componentes efetuadas anualmente.
Técnicos do MICT asseguram que não há possibilidade de a tese da Ford ter embasamento legal. Se tivesse e o mesmo procedimento fosse copiado pelas montadoras, o regime automotivo seria destruído.
Segundo o ministro Francisco Dornelles (Indústria, Comércio e Turismo), possíveis divergências entre o governo e as montadoras na interpretação do regime automotivo serão resolvidas de acordo com a lei e o Direito.
"É importante que o sigilo fiscal e o relativo aos acordos negociados entre as partes sejam respeitados", afirmou o ministro Francisco Dornelles à Folha. "Não tomei conhecimento de nenhum caso de descumprimento do regime automotivo."
A Ford informou ontem por intermédio de sua assessoria de imprensa que a empresa cumpre todas as exigências legais e que não existe nenhuma fraude no caso.

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