São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997
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Beaubourg fecha milênio maior e mais moderno

MARTA AVANCINI
DE PARIS

Fundado em 1977, o centro cultural Georges Pompidou, que se tornou ao longo de sua história um dos centros de referência mundiais da arte e da cultura do século 20, necessita de reformas.
O principal motivo é grande afluxo de pessoas: em 20 anos de funcionamento, o público superou os 160 milhões de frequentadores, segundo estimativas do centro, recebendo mais de 20 mil pessoas por dia.
Quando foi concebido, as previsões mais otimistas falavam em uma frequência de 5.000 pessoas por dia.
Mesmo com a reforma, orçada em US$ 100 milhões e cujos preparativos começam em outubro, o Beaubourg, como é mais conhecido, vai manter algumas de suas atividades.
Exposições, encontros e espetáculos vão ocorrer dentro e fora da área do centro, a fim de manter o Georges Pompidou em funcionamento, ainda que parcialmente.
O centro recebe um público diversificado -de estudantes e pesquisadores a turistas-, que busca informações e acesso à arte moderna e contemporânea.
"A idéia é fazer tudo o que for preciso para manter o centro ativo, mesmo durante os trabalhos", afirmou à Folha Carole Rio, chefe do departamento de comunicação do Georges Pompidou.
As reformas terão dois anos de duração. Além de recuperar a infra-estrutura geral do edifício, serão revistos, ampliados e modernizados alguns espaços de exposição e a biblioteca, de modo a adequá-los à elevada frequência.
Arte
O 3º e o 4º andares do Beaubourg, onde ficam expostas parte da coleção do Museu Nacional de Arte Moderna, permanecerão fechados durante a reforma.
Para compensar a impossibilidade de acesso às coleções, serão realizadas mostras em uma galeria de 1.500 metros quadrados que vai funcionar no lado sul do prédio.
A primeira exposição será dedicada ao artista norte-americano Bruce Nauman e está prevista para começar em 17 de dezembro.
Discípulo de Marcel Duchamp, Nauman se tornou conhecido nos anos 60 por usar e combinar diversos tipos de meios de expressão, do vídeo à escultura, passando pelo desenho e pela escrita em neon.
Também serão apresentadas, na chamada galeria Sul, exposições com trabalhos de Max Ernst (em 98) e David Hockney (em 99).
Paralelamente, serão realizadas mostras com obras da coleção do museu em outros espaços franceses, como a galeria Jeu de Paume, em Paris, e no exterior.
Isso vai ocorrer tanto por meio da organização de exposições do acervo do museu quanto por empréstimo de obras.
Pesquisa
O acesso aos cerca de um milhão de documentos sobre a arte do século 20 pertencentes ao museu e ao Centro de Criação Industrial será limitado. Eles poderão ser consultados em uma sala com capacidade para abrigar 80 pessoas.
Já a biblioteca e o espaço de leitura serão transferidos para um prédio em frente ao do Beaubourg, no quarteirão do Relógio, onde vão funcionar provisoriamente.
"É óbvio que o ritmo não será o normal, mas, ainda assim, as pessoas vão poder ter acesso a parte do nosso acervo", disse Carole.
O gabinete de Arte Gráfica, que contém cerca de 17 mil obras, manterá seu esquema de funcionamento por meio de agendamento prévio e consultas predefinidas do acervo, como já ocorre atualmente.
O Ircam (sigla que em português significa Instituto de Pesquisas e de Coordenação Acústica/Música) manterá seu funcionamento normal, já que a área onde ele funciona não passará por reformas.
O instituto desenvolve pesquisas multidisciplinares sobre as relações entre a informática e acústica sob o enfoque musical.
Debates
Uma tenda instalada na praça em frente ao Beaubourg vai funcionar como um espaço de encontros e debates à noite.
Durante o dia, ela será um centro de informações multimídia a respeito das atividades do centro e sobre a criação artística em geral. Também serão desenvolvidas atividades pedagógicas voltadas para grupos nas manhãs.

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