São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997
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Banco Central dá sinal verde para Bilbao comprar o BCN

Instituição da Espanha adquire 58% do capital votante

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O espanhol Banco Bilbao Vizcaya (BBV) recebeu ontem o sinal verde do Banco Central para ingressar no país adquirindo o controle acionário do Banco de Crédito Nacional (BCN), o sexto maior banco privado brasileiro.
Segundo a Folha apurou, executivos do BBV teriam recebido a notícia do próprio presidente do BC, Gustavo Franco, durante o encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Hong Kong.
O Bilbao, que tinha apenas um escritório de representação sediado em São Paulo, ficará, na avaliação do mercado financeiro, com 58% do capital votante do BCN.
A Folha apurou junto à diretoria do banco que, embora aprovado pelo BC, o negócio ainda não estaria fechado entre as partes.
Consultado, o BCN informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não confirmaria nem negaria a informação.
No BBV em São Paulo nenhum executivo foi localizado.
Em Brasília, o Banco Central informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está informado da negociação e a acompanha.
A informação de que o banco espanhol estava negociando a aquisição do banco da família Conde circulava há pelo menos um mês.
Por conta disso, as ações do BCN negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo dispararam algumas vezes. Desde o início do ano, os papéis do banco acumulam valorização de 75,9%.
Analistas do setor bancário já esperavam por uma "resposta" do BBV à ofensiva do seu maior concorrente, o também espanhol Santander, que no mês passado fechou a compra do Noroeste.
Sabe-se que o Bilbao bateu em outras portas de bancos brasileiros, mas sem sucesso. Entre eles, o Bandeirantes e o Boavista.
Embora o BBV tenha levado mais tempo que seus concorrentes para fechar a compra de um banco brasileiro, caso confirmado o negócio, ele estará ingressando em melhor posição.
"O BCN é o maior banco em termos de ativos já adquirido por estrangeiros até o momento", diz Erivelto Rodrigues, consultor da Austin Asis.
Segundo levantamento da Austin, o BCN é o sexto maior banco privado, com ativos de US$ 12,9 bilhões. Está à frente do HSBC Bamerindus, que vem em sétimo lugar, com US$ 12,4 bilhões, e do Santander/Noroeste, que está em 13º lugar, com US$ 6,3 bilhões.
"O BCN é um banco enxuto, com boa marca e grande potencial para crescer. Ao adquiri-lo, o Bilbao poderá estar entre os três maiores bancos brasileiros em dois anos", afirma Rodrigues, para quem o BCN não teria fôlego para crescer sozinho.

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