São Paulo, sábado, 27 de setembro de 1997
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Brizola afirma que PPS é governista

"Fizemos o teste de DNA nele", diz pedetista

LUÍS PEREZ
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O presidente do PDT, Leonel Brizola, 75, disse ontem que o PSB ficará fora da frente de oposição caso ele se una ao PPS.
Brizola falou em nome dos outros partidos da frente (PT, PSB e PC do B) que se reuniu anteontem, em Brasília. "Não precisa nem comunicar por escrito. Está automaticamente fora. Ele rompe com a frente", disse.
"O PPS andou circulando como se fosse nosso parente, mas não. Fizemos o teste de DNA nele e ele pertence ao governo. Uma fusão estaria atingindo a nossa família", declarou Brizola.
O ex-governador disse esperar que a fusão não ocorra e classificou o PPS de partido "oportunista". Disse ter exposto a possibilidade anteontem, na reunião da frente. "O governador Miguel Arraes foi sensível às nossas razões. Já se foi o tempo em que eles (o PPS) poderiam ser da frente. Agora estão lá no governo, com o Fernando Henrique. Ciro está lá com eles", disse.
O que teria ficado acertado é que a entrada de Ciro no PPS significaria que aquele partido o havia aceitado como candidato a presidente, só que sem o apoio da frente. Para ele, o PPS é uma "legenda de aluguel" de Ciro.
Vai além: "Há algumas semelhanças da candidatura dele com a do Collor". Citou de novo o ex-presidente Fernando Collor, afirmando que qualquer um poderia se filiar ao PPS. "Ele pode colocar até o Collor lá."
Anteontem, porém, Brizola havia dito que a frente estaria totalmente aberta a quem quisesse fazer oposição ao presidente FHC. "Se amanhã aparecer o coisa-ruim, o demônio, com suas patinhas de cabrito, dizendo que está na oposição, nós respondemos: 'Entre na fila'."
Até a definição de Itamar Franco pelo PMDB, Brizola dizia que até ele poderia ser aceito: "Se ele se arrependesse do momento em que vendeu Volta Redonda, nós seríamos sensíveis. Mas nem isso o danado diz", disse anteontem.
Ontem, porém, Brizola não poupou críticas ao presidente do PPS, Roberto Freire: "Quando estava no exílio, me encontrei com esse Roberto Freire num hotel de Paris. Ele estava viajando clandestinamente a caminho de Moscou. Era comunista ortodoxo. Estranhou muito que eu estivesse de conversações com a social-democracia: dizia que era a outra cara do imperialismo".

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