São Paulo, sábado, 27 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aulas interativas reanimam São Paulo

ARNALDO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Palestras interativas na concentração, com a participação direta dos jogadores.
Esse é o antídoto que o São Paulo encontrou para aliviar a pressão sobre os atletas, abalados pela campanha irregular e pelos boatos da saída do técnico Dario Pereyra.
Um grupo formado por psicólogos, filósofos e profissionais da área de comunicação ministraria ontem à noite a quarta conferência aos atletas, que buscam recuperar a autoconfiança e a auto-estima.
As aulas, espécie de dinâmica de grupo, envolvem brincadeiras, jogos, colagens, misturadas com noções de economia e informática.
"Usamos o futebol como forma, estilo e linguagem para informar os atletas", disse o superintendente Ricardo Viveiros, autor da idéia.
A intenção das palestras, entre outras coisas, é avaliar a capacidade do grupo resolver problemas e fazer os jogadores "se abrirem".
Nas aulas, de forma indireta, eles trabalham conceitos como união, pressão, adversidade e estrelismo.
Em um dos exercícios da terceira palestra, os jogadores, em grupo, cortaram figuras de uma revista e associaram as imagens a dois cartazes. Um deles diz "O que ajuda?", o outro, "O que atrapalha?".
Depois da seleção das imagens, o grupo discutiu os conceitos estabelecidos.
Segundo Viveiros, que também organizou uma espécie de agenda cultural para os atletas no final do Paulista, esse tipo de iniciativa ainda encontra resistência por parte dos jogadores.
"Os mais velhos, principalmente, são mais difíceis de dobrar. O problema é que eles vêm para o futebol sem uma formação, começam a ganhar dinheiro, e fica cada vez mais complicado convencê-los da importância de estudar", disse.
Escola na Concentração
As palestras interativas são um embrião do projeto "Escola na Concentração", também de autoria de Viveiros.
Com uma carga horária especial, os jogadores teriam aulas enquanto estivessem concentrados para as partidas.
Como nas palestras, as atividades lúdicas seriam misturadas com as matérias tradicionais, como matemática e português, e algumas especiais, como informática, línguas, negócios e política.
"Nossa preocupação é com a formação educacional dos atletas, não só com a profissional", disse.
"Queremos prepará-los para a vida. Além de independência financeira, eles devem ter independência cultural, saber administrar a carreira e, depois, saber viver sem ela", acrescentou Viveiros.
O meia Denílson, que recentemente acertou a transferência para o Betis (Espanha), acaba de comprar uma casa para a família num condomínio fechado, em São Bernardo do Campo (18 km a sudeste de São Paulo), orientado pelas palestras e pela diretoria.
Psicólogo
Viveiros busca agora financiamento para o projeto (leia texto ao lado) e apoio para que sua idéia possa render diplomas aos atletas.
"As aulas poderiam ser reconhecidas como um curso supletivo de 1º e 2º graus aos jogadores."
O próximo passo da diretoria, segundo Viveiros, é a contratação de um psicólogo. De uma prévia seleção de 16 profissionais, sobraram 2. Um deles será escolhido na próxima semana.
"A contratação de um psicólogo não está relacionada à inexperiência do time ou à fase difícil que passamos. A idéia, a partir de agora, é incorporar esse tipo de profissional à comissão técnica. Alguns clubes já têm seus psicólogos", disse.

Texto Anterior: O que ver na TV
Próximo Texto: Quadra de Telê vai sumir
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.