São Paulo, sábado, 27 de setembro de 1997
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Eurico, 16 emendas, prevê só dez votos

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O lobby de dirigentes de clubes e entidades esportivas contrários ao projeto Pelé vai concentrar sua intervenção no Congresso apoiando 16 emendas apresentadas pelo deputado Eurico Miranda (PPB-RJ).
As emendas desfiguram a proposta do Ministério dos Esportes, retirando seus pontos fundamentais, como a obrigação de os clubes com atletas profissionais se transformarem em empresas, o passe livre aos jogadores ao fim dos contratos e a fiscalização das entidades pelo Ministério Público.
Se vitoriosas, as emendas fariam surgir não a Lei Pelé, mas uma Lei Eurico Miranda.
O deputado redigiu uma emenda a cada 3,9 artigos. Na primeira contagem, foram apresentadas 127 emendas. A média é de duas emendas para cada um dos 62 artigos.
Vice-presidente de Futebol do Vasco, Miranda disse acreditar que o projeto, mantendo a transformação compulsória dos clubes em associações comerciais (empresas), teria hoje pouquíssimo apoio no plenário da Câmara.
"O projeto receberia dez votos", afirmou. A Câmara Federal tem 513 deputados. A proposta, na projeção de Miranda, portanto, alcançaria 1,95% da votação.
Embora seja um evidente exagero, a previsão de Eurico Miranda demonstra o otimismo dos dirigentes esportivos.
Ele disse que a reunião de quarta-feira entre quase todos os clubes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) foi decisiva para a organização do movimento contra o projeto Pelé.
"A maioria dos congressistas já dirigiu clubes e entidades, ou é ligada a eles", disse Miranda.
Outro trunfo, não menos importante, para o deputado, é a distância do presidente Fernando Henrique Cardoso do debate.
Como o governo tem várias questões a negociar, como lei eleitoral e reforma da Previdência, Eurico Miranda disse não acreditar que FHC vá se desgastar com "um assunto menos importante".
"O presidente perderia voto. Ele não pode e não deve ter uma intervenção maior a favor do projeto."
O deputado afirmou que o presidente só encaminhou o projeto em regime de urgência devido à ameaça de Pelé: o ministro renunciaria se não houvesse "urgência".

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