São Paulo, sábado, 27 de setembro de 1997
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A falácia da estatização do futebol

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, há uma falácia no argumento dos clubes, que agora não conseguem esconder mais a sua faceta de cúmplices da atual gestão da CBF na defesa escandalosa do sistema de incúria administrativa no futebol local, de que a lei Pelé representa a intervenção estatal no esporte.
A auto-regulamentação do futebol é necessária e deve obedecer a um caráter universal, pois só assim ele será um esporte com força para afrontar regimes arbitrários e desmandos dos políticos da hora.
Mas, por outro lado, a autonomia do esporte, em nenhum país, pode estar acima das leis e da Constituição.
Na Itália, na Espanha e, recentemente, em Portugal, mudanças na lei e, sobretudo, na fiscalização do futebol, por parte dos aparelhos do Estado, tiveram justamente o efeito contrário daquele que, oportunisticamente, os clubes querem levar a crer que ocorrerá aqui.
Nesses países, as mudanças introduzidas permitiram o crescimento e o florescimento do futebol como atividade autônoma e privada.
O que, na verdade, os clubes pretendem é continuar ao arrepio da lei, mantendo o caixa dois, não pagando impostos e não recolhendo as contribuições previdenciárias e trabalhistas -ou seja, um regime que trabalha em favor do enriquecimento ilícito e de catapulta política dos diretores e contra o enriquecimento dentro da lei do próprio clube.
A guerra será dura e tem, pelo menos, uma utilidade: mostra a verdadeira face de certos dirigentes, como a de Fábio Koff, do Clube dos 13.
*
O jornalista Vital Battaglia, a meu convite, escolhe a seleção dos jogadores mais elegantes de todos os tempo deste sábado. Como se verá, uma seleção de alguém que também espia o futebol da tribuna seleta dos estetas da bola.
No gol, uma bela lembrança do Battaglia, que vi jogar várias vezes tanto em Ribeirão Preto quanto na Morada do Sol (Araraquara): Machado, que jogou no Botafogo e na Ferroviária. "Levou 11 gols do Santos, 8 de Pelé, e continuou olhando para o alto."
Lateral direita: Paulinho, do Vasco, "por antecipar o futuro dos laterais desde os fins dos anos 50".
Zagueiros de área: Djalma Dias ("fazia na defesa do América e do Palmeiras o que seu filho faz no ataque") e outro Dias, o Roberto, do São Paulo ("tinha a classe de um meia, jogando como quarto-zagueiro").
Lateral esquerda: Roberto Carlos ("tem velocidade, resistência e classe").
Meio-campo: Dino Sani, Falcão, Zizinho e Ademir da Guia. "Não sentiriam dificuldades em jogar de fraque."
Ataque: Pagão, "o mestre de Pelé", e ele mesmo, Pelé, a síntese do futebol.
Técnico: Carlos Alberto Parreira ("Nenhum outro ser humano seria tão elegante. Relacionou-se com todos os jornalistas, em especial com aqueles que não concordavam com sua filosofia de jogo, com a humildade de um vencido").
Seleção estrangeira: Preud'homme; Paul Breitner, Scirea, Bobby Moore e o sueco Ljung; Beckenbauer, Pedro Rocha, Scifo e Valdano; Eusébio e Van Basten.

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