São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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As raízes da América Latina

JOSÉ GERALDO COUTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se o público de língua inglesa ainda não sabe, agora vai ficar sabendo que a literatura latino-americana não começou com Gabriel García Márquez. A tradicional Oxford University Press começa no mês que vem a publicar sua Library of Latin America (Biblioteca da América Latina), com 40 livros clássicos de autores do continente.
O catálogo de outono da editora inclui também duas grandes antologias latino-americanas: uma de contos e outra de ensaios (leia abaixo).
A Biblioteca da América Latina da Oxford dará ênfase à produção literária que antecede os autores modernos e mais conhecidos internacionalmente, como Neruda, Borges ou Jorge Amado. A idéia é mostrar as raízes mais profundas da literatura do continente.
Machado e Capistrano
Machado de Assis é o grande astro da coleção. Dos 19 títulos já definidos, 4 são de sua autoria. "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Dom Casmurro" abrem a série, ao lado de "Capítulos de História Colonial", de Capistrano de Abreu, e "Escritos Escolhidos" do poeta, filósofo e político venezuelano Andrés Bello (leia lista abaixo).
Há exceções, claro. De acordo com Kerry Cahill, as "Memórias Póstumas de Brás Cubas" são encontráveis atualmente em inglês sob o título "Epitaph of a Small Winner" (Epitáfio para um Pequeno Vencedor), e a Penguin colocou recentemente no mercado uma tradução de "Dom Casmurro" diferente da da Oxford.
A Biblioteca da América Latina tem um editor-geral, Jean Franco, e um editor para os livros brasileiros, Richard Graham. Cada livro da coleção contém um ou mais estudos críticos assinados por especialistas, tentando situar a obra em seu contexto histórico e literário.
"Memórias Póstumas de Brás Cubas", por exemplo, é traduzido por Gregory Rabassa (tradutor de "Cem Anos de Solidão", de García Márquez, entre outros), e conta com ensaios de Enylton de Sá Rego, da Universidade do Texas, e Gilberto Pinheiro Passos, da Universidade de São Paulo.
"Dom Casmurro", por sua vez, é traduzido pelo britânico John Gledson, grande estudioso e divulgador da obra de Machado (leia entrevista à pág. 5-11), e tem introdução do crítico brasileiro João Adolfo Hansen.
Já os "Capítulos de História Colonial", de Capistrano de Abreu, têm tradução de Arthur Brakel (que antes já havia vertido para o inglês "O Amanuense Belmiro", de Cyro dos Anjos) e são acompanhados de textos críticos de Stuart Schwartz, da Universidade de Yale, e Fernando Novais, da Universidade de Campinas.
Outros clássicos brasileiros já definidos entre os próximos títulos da coleção são "Iracema", de José de Alencar, e "Memórias de um Sargento de Milícias", de Manuel Antonio de Almeida, além dos machadianos "Quincas Borba" e "Esaú e Jacó".
Por vias tortas, a biblioteca latino-americana da Oxford poderá ajudar o leitor brasileiro que lê inglês a ter contato com importantes autores do continente que são pouco conhecidos no Brasil, como o argentino Domingo Faustino Sarmiento (1811-88), que, em 1868, chegou à presidência do país, ou o venezuelano Andrés Bello (1781-1865), considerado uma espécie de Thomas Jefferson da América hispânica.
Os livros da Biblioteca da América Latina da Oxford podem ser encomendados à importadora especializada M&F Academic Book Services (leia abaixo).
Quem preferir importar os livros diretamente da editora poderá fazê-lo por fax (1-212/726-6453) ou pela Internet (kpc@oup-usa.org).
O site da sede norte-americana da Oxford University Press na Internet está no endereço www.oup-usa.org.

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