São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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A odisséia de 2002

MAURÍCIO TUFFANI
EDITOR-ASSISTENTE DE CIÊNCIA

Passados quase 30 anos desde o lançamento de "2001 - Uma Odisséia no Espaço", de Stanley Kubrick, estamos prestes a ter uma estação espacial de grande porte, como a do filme.
A Estação Espacial Internacional (ISS) deverá abrigar astronautas de diversos países, que a ela terão acesso através de ônibus espaciais.
Não tão grande quanto a estação orbital mostrada no filme, a ISS deverá ter, porém, um volume interno pressurizado de cerca de 1.300 metros cúbicos, equivalente a duas cabinas de um avião Boeing 747, segundo a Nasa (agência espacial dos Estados Unidos).
Durante os três anos de construção, dezenas de astronautas -ou cosmonautas, como preferem os russos- pouco a pouco deverão somar cerca de 1.100 horas de passeios espaciais.
Todo esse esforço deverá ter como resultado uma plataforma orbital capaz de operar durante dez anos. Nada mau, se for levado em conta que a estação russa Mir, lançada em 1986, permanece em operação há 11 anos. Com sérios problemas, é claro, mas decorrentes da crise financeira do programa espacial russo.
A ISS já foi batizada provisoriamente de Alpha pelo presidente norte-americano Bill Clinton em 1993, mas parece que o nome não pegou entre as outras nações participantes. Em 1988, outro presidente dos EUA, Ronald Reagan, já havia sugerido o nome Freedom (Liberdade).
Os sistemas de conexão previstos deverão ser compatíveis com os ônibus espaciais norte-americanos, com as naves Soiuz russas e também com o ATV (Veículo de Transferência Automática), da Agência Espacial Européia (ESA).
O ATV deverá ter uma capacidade de carga de 9 toneladas em ambiente não pressurizado. Ele também poderá transportar alternativamente 4 toneladas de combustível e deverá entrar em operação no início de 2003, segundo a ESA.
Algumas instituições de pesquisa européias já têm um enorme calendário de experimentos a serem feitos no Laboratório Orbital Columbus, que deverá ser construído pela Agência Espacial Européia.
Projetado principalmente para a pesquisa básica relacionada à microgravidade -condição em que a atração gravitacional é praticamente nula-, o Columbus deverá também ser utilizado no estudo de aplicações industriais e de novas tecnologias, segundo a ESA. O Japão também deverá ter seu laboratório na estação.
Os países participantes do programa da ISS consideram 3 de novembro de 1994 como o início da implantação do projeto. Nessa data, o cosmonauta Sergei Krikalev, a bordo do ônibus espacial Discovery, se tornou o primeiro russo a fazer parte da tripulação de uma nave norte-americana.
Desde então, diversas missões espaciais, principalmente a bordo da Mir, tem sido compostas por tripulantes de diferentes países. O objetivo tem sido principalmente o de compartilhar conhecimentos e experiências sobre missões espaciais, além da realização de experimentos científicos.
Entre os poucos incidentes interpessoais registrados na Mir, talvez o mais significativo tenha sido o que supostamente ocorreu com a astronauta norte-americana Shannon Lucid. Após retornar da missão de 169 dias no espaço, em dezembro de 1996, ela alegou ter sido incomodada com frequentes comentários de alguns de seus colegas russos sobre a "conveniência" de ter uma mulher a bordo para "arrumar a estação".

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