São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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Palestinos discutem futuro sem Arafat

The Independent de Londres

PATRICK COCKBURN
EM JERUSALÉM

Quando o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, desmaiou na conferência da Liga Árabe neste mês, ele levantou novas especulações entre palestinos e israelenses sobre quem o substituiria se ele morresse. A resposta, ficou evidente, é que não há um sucessor claro. Seus assessores dizem que "ele é tão forte quanto um cavalo". Mas Arafat vem sofrendo desmaios desde que machucou a cabeça num acidente de avião durante uma tempestade de areia na Líbia, em 1992. Nas últimas semanas, com o impasse nas negociações com Israel, ele está com uma aparência deprimida e abatida. Se Arafat morrer em breve ele não terá um sucessor. Mesmo no momento mais crítico de sua carreira, após sua expulsão de Beirute por forças de Israel, em 1982, tentativas de substituí-lo nunca pareceram ter chances de sucesso.
Os únicos dois líderes palestinos que se aproximavam dele em prestígio foram assassinados. Khalil Uazir foi morto por um esquadrão israelense em 1988. Salah Lhalaf foi morto em 1991 por um de seus guarda-costas a mando de Abu Nidal, líder guerrilheiro palestino.
Constitucionalmente, Arafat deveria ser substituído por Ahmed Qureia. Depois haveria uma eleição presidencial. Um candidato favorito pelos EUA e Israel é Mahmud Abbas, o negociador dos acordos de Oslo, mas nem ele nem Qureia são líderes populares.
Também seria difícil substituir Arafat -ele é o único membro da liderança que, apesar de ter ficado exilado na Tunísia e voltado para os territórios palestinos após 94, é aceito pelos 2,5 milhões de palestinos da faixa de Gaza e Cisjordânia.
A mesma divisão entre "estrangeiros" e "locais" também provavelmente desqualifica Faiçal Husseini e Hanan Ashraui, "locais" populares, mas sem grande influência entre os "estrangeiros". O mais provável então seria a formação de uma liderança de políticos e homens de segurança, sem nenhum dos grupos predominar. Não é fácil liderar um movimento de resistência no Oriente Médio. A principal oposição iraniana ao regime de Teerã, por exemplo, foi cooptada pelo ditador iraquiano, Sadam Hussein. Já o líder palestino evitou tornar-se fantoche de alguém. Embora ditatorial, nunca eliminou seus oponentes.
A carreira de Arafat está cheia de derrotas, mas ele tem frequentemente jogado em desvantagem. Sua capacidade de recuperação vem de sua recusa de ir contra a opinião pública palestina, seja qual for a exigência internacional.

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