São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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Vietnã forma novo triunvirato

JAIME SPITZCOVSKY
DA REDAÇÃO

Nos tempos da Guerra Fria, o Vietnã costumava espelhar as políticas determinadas por sua metrópole, a União Soviética. Nos tempos da globalização e da alquimia comunismo-capitalismo, o país monitora e, muitas vezes, segue os passos do gigantesco vizinho e antigo rival, a China.
Na semana passada, a Assembléia Nacional aprovou a indicação de Tran Duc Luong, 60, para o cargo de presidente e de Phan Van Khai, 63, para o posto de premiê. Junto com o secretário-geral do PC, Do Muoi, eles formam o triunvirato que comanda o país.
As mudanças refletiram linhas verificadas dias antes no Congresso do PC chinês, que elegeu um Comitê Central mais jovem e recheado de tecnocratas preparados para abandonar cartilhas ideológicas e adotar manuais de administração de empresas.
Com a ascensão de Phan Van Khai e Tran Duc Luong, a média de idade do triunvirato caiu nove anos. Atingiu 68, patamar reduzido para uma região habituada a assistir ao reinado de gerontocracias bastante longevas.
Tran Duc Luong, o novo presidente, é um geólogo que defende a manutenção da "doi moi" (renovação, em vietnamita), o processo de reformas iniciado em 1986. Embora seja considerado reticente em relação à velocidade das mudanças, desponta como um especialista em investimentos estrangeiros, um combustível indispensável para a decolagem econômica de um país candidato à condição de "tigre asiático".
O novo presidente substitui Le Duc Anh, um general que surpreendeu ao se despedir do cargo com uma inesperada confissão pró-reformas políticas. "Gostaria de repetir que a geração mais jovem também precisa de democracia porque sem ela eles não podem se desenvolver", disse ele.
Apesar das declarações de Le Duc Anh, não há reformas políticas no horizonte do Vietnã. "Para construir com sucesso um país socialista, devemos fortalecer a liderança do partido sobre o Estado", afirmou Tran Duc Luong.
O primeiro-ministro Phan Van Kai também entra na galeria dos dirigentes com sólida formação acadêmica e desconfiança em relação à abertura política. Economista, ele tem a tarefa de desfazer o clima de desconfiança que ronda os investidores estrangeiros. Eles temem a burocracia e o aumento da corrupção que assolam a economia vietnamita.
(JS)

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