São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997 |
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Governo da Bahia cobra conta de spa e réveillon de Nilo Coelho Acusações são feitas pelo grupo de Antonio Carlos Magalhães XICO SÁ
No mesmo pacote de cobrança, a Procuradoria Especializada no Combate à Corrupção e Improbidade Administrativa pede ainda a devolução de despesas feitas na festa de reveillón do ex-governador, na passagem de 1990 a 91. Pouco lembrado hoje até mesmo na Bahia, Coelho renasceu como personagem político na semana que passou. Ele teve a sua filiação ao PSDB (deixou o PMDB) questionada pelo ministro das Comunicações, Sérgio Motta. Para o ministro, a biografia do ex-governador, que coleciona vários tipos de acusações de irregularidades, não combina com a linha de atuação dos tucanos. Por conta desse fato, Motta acabou abandonando o seu cargo na Comissão Executiva do PSDB. Pelo menos essa foi a alegação oficial. Somadas as duas contas cobradas pelo governo baiano (a do spa e a do reveillón), com valores atualizados, Coelho teria que devolver cerca de R$ 400 mil ao Estado. Ele já foi condenado pela Vara da Fazenda Pública baiana, mas pode recorrer para evitar o pagamento. Coelho tem a seu favor decisões anteriores tomadas pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), a quem cabe julgar governadores, que não acatou ações criminais pelas mesmas acusações. Inconformado com a decisão, o grupo político do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) agora tenta fazer com que o ex-governador devolva o dinheiro que teria sido gasto no spa e no reveillón no Hotel Comandatuba, em Ilhéus (BA). Foi aí que entrou a Procuradoria Especializada em Corrupção, órgão que funciona na Bahia para defender o Estado de irregularidades administrativas. "O Estado não pode pagar nem engorda nem emagrecimento de ninguém", diz o procurador-chefe Raimundo Viana, que cuidou de encaminhar o caso do spa à Vara da Fazenda Pública. Vianna anexou ao processo uma série de notas fiscais e cópias de cheques que comprovariam as irregularidades, incluindo ficha de despesas do próprio Coelho na sua passagem no Spa Sete Voltas em Itatiba, no interior de São Paulo, entre 8 a 18 de novembro de 1990. Sobre o caso, ACM saiu com a seguinte definição: "É a primeira vez que alguém rouba para engordar e depois rouba também para emagrecer". Coelho foi alvo ainda, ao deixar o governo, de outras ações encaminhadas à Justiça envolvendo eventuais despesas com dinheiro público para proveito pessoal, mas escapou ileso da maioria. Considerado um dos homens mais ricos da Bahia, Nilo Coelho ganha dinheiro com bois e carros. Possui dezenas de fazendas no Estado e várias concessionárias em Salvador e no interior. Conhecido como "Nilo Boi", apelido dado pelo grupo de Antonio Carlos Magalhães durante eleições passadas, sempre gastou muito dinheiro em campanhas. A sua acolhida entre os tucanos baianos passou também por este atrativo, apurou a Folha. Além de poder reforçar o "caixa" do PSDB, Nilo Coelho também é dono de uma emissora de televisão, a TV Aratu, retransmissora do SBT. Texto Anterior: Semelhança inconveniente Próximo Texto: Tucano se diz vítima de ACM Índice |
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