São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997
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Quase heresia

CIDA SANTOS

No mundo do vôlei, uma questão ronda a cabeça de técnicos e jogadores: como vai ficar o esporte com as novas regras? Por isso, todos os olhos vão estar voltados para o amistoso entre as seleções femininas do Brasil e do Japão, domingo, em Brasília, quando o sistema será testado pela primeira vez.
A limitação do tempo dos quatro primeiros sets em 25 minutos muda o princípio básico do vôlei. Ele deixa de ser um esporte só por pontos e, assim como o futebol, começa a ficar de olho no relógio. Esgotados os 25 minutos corridos, a disputa vai para o tie-break: todo erro é computado como ponto.
O certo é que o esporte passa por uma situação especial. Os times têm patrocinadores, que, claro, querem retorno do investimento que fazem. E o maior retorno vem quando os jogos são transmitidos pela TV. E o vôlei, assim como o tênis, é daqueles esportes que derrubam qualquer programação de TV.
Um exemplo disso aconteceu na terça. A Sportv estava transmitindo o terceiro confronto das semifinais entre Mappin-Pinheiros e Dayvit. Depois de duas horas e meia, a partida estava no quarto set. Resultado: a emissora teve de interromper a transmissão para passar ao vivo um jogo de futebol.
Com o tempo determinado, o vôlei passa a ser mais viável para a TV. E, quem sabe, ganhe mais patrocínios. Mas, para os amantes do esporte, e aí eu me incluo, essas mudanças são quase uma heresia.
O espantoso é que a adoção das novas regras na Superliga foi anunciada pela CBV menos de um mês antes do início do torneio. E sem consulta às comissões técnicas das equipes.
Um dos pontos mais discutíveis é a proibição de substituições depois dos 20 minutos de set. Sem poder pedir tempo ou fazer alterações, a figura do técnico deixa de existir nos últimos cinco minutos. Ou seja, nos momentos decisivos, o time ficará no piloto automático.

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