São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997 |
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Ex-baixista do Nirvana escolhe o caminho mais complicado
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Ele tem agora uma nova banda, o Sweet 75, que acaba de lançar nos EUA e na Europa seu primeiro álbum, o CD também chamado "Sweet 75". No Nirvana, Krist Novoselic tocava baixo e fazia o contraponto "normal" à falta de controle de Kurt Cobain (1967-1994) e ao jeitão punk cabeludo do baterista Dave Grohl. Este último hoje canta e toca guitarra no Foo Fighters, seguindo fielmente o que o Nirvana legou -em uma palavra, barulho. Não é o caso de Novoselic. Ele escolheu um caminho mais complicado. O alto nível de "Sweet 75" surpreende. Explica-se: do fim do Nirvana até hoje, Krist andou envolvido em movimentos politicamente corretos, como uma campanha antiarmamentista em que mergulhou de cabeça, mas não conseguia juntar dois argumentos decentes para defender. E virar bonzinho é sempre mau sinal para um roqueiro. Mais: o Sweet 75 não é uma banda de verdade. Resume-se a Novoselic e uma cantora... venezualana! Temia-se por um Raíces de América eletrificado, a entoar letras tão politizadas quanto ingênuas. Nada disso aconteceu, ainda bem. O Sweet 75 dignifica a classificação "rock". Explora trilhas complexas, cheias de mudanças de andamento, ritmos quebrados. Resvala no blues. Quem acompanha a cena independente americana vai notar uma forte semelhança entre o Sweet 75 e o Throwing Muses, banda da região de Boston. A vocal do Sweet 75, Yva Las Vegas (grande nome!), tem a mesma voz de Kristin Hersh, a poeta esquizofrênica que lidera o Muses. As composições também se parecem muito. "Sweet 75" abre com "Fetch", a mais Throwing Muses de todas as 14 faixas do álbum. Começa com um riff simples de guitarra e o tradicional baixo cavernoso. De repente, vira uma balada com violinos. "Lay Me Down", que vem em seguida, é lenta e trata de relacionamentos tempestuosos. "Bite My Hand" ganha o título de mais inusitada. No início, parece world music com batida hardcore. Las Vegas grita: "Não entendo por que você morde a minha mão!". Depois, tudo deságua em mais uma esquizobalada à la Throwing Muses. As concessões à latinidade ficam restritas a duas faixas: "La Vida", cantada em espanhol, com seção de metais e tudo, e uma certa "Cantos de Pilon", que leva todo o jeito de folclore andino e tem a participação especial de Peter Buck (do R.E.M.) no bandolim. A fórmula Nirvana (trecho calmo-trecho barulhento-trecho calmo) se restringe a "Nothing", um mamute sonoro embalado pela bateria do lendário Bill Rieflin, que excursionou muito com o Ministry e andava sumido. O som do Sweet 75 não sofre da aflição do Nirvana, nem das influências angustiantes do Foo Fighters. É rock+blues adulto, na falta de palavra melhor. Texto Anterior: sublime; jane's addiction; feliz natal; rage against the machine; nodoubt; soundgarden Próximo Texto: "No Remorse (I Wanna Die)", Slayer & Atari Teenage Riot; "Wall of Pussy", vários; Daúde #2", Daúde Índice |
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