São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997 |
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O JULGAMENTO DE RAINHA A transferência do julgamento de José Rainha para a cidade de Vitória poderá dar maior isenção à futura decisão do júri sobre seu envolvimento na morte de um fazendeiro. A pequena cidade de Pedro Canário (ES), foco de conflitos agrários, não era de fato o melhor local para julgar uma liderança dos sem-terra. Inocentado no inquérito civil, mas acusado no Inquérito Policial Militar de ter contribuído para a fuga dos que haveriam assassinado um PM e o dono de uma fazenda invadida pelo MST, José Rainha foi condenado a 26 anos de prisão no primeiro julgamento. A defesa alega que ele se encontrava no Ceará no dia do crime. Lá estaria para organizar o movimento naquele Estado e também por medida de segurança, uma vez que já teria sofrido um atentado. A severidade da primeira condenação e os testemunhos, até de autoridades estaduais, de que Rainha se encontrava no Nordeste contribuíram para deixar a impressão de que preconceitos políticos talvez tivessem distorcido o julgamento. Mais recentemente, a defesa identificou a assinatura de cinco pessoas do corpo de jurados de Pedro Canário em um abaixo-assinado pedindo a condenação de Rainha, quase um mês antes do primeiro julgamento. O juiz Sebastião Mattos Mozine confirmou que aquelas assinaturas são de fato semelhantes às firmas arquivadas em cartório. Na última terça, após desempatar a votação no Tribunal de Justiça do Espírito Santo em favor da transferência do julgamento, o desembargador Alemer Ferraz Moulin afirmou tratar-se de "um caso de muita repercussão, bastante acirrado dos dois lados e observado até pela opinião pública internacional. Pedro Canário é uma cidade pequena e não oferece tranquilidade para o julgamento". É o que diz o bom senso. A transferência para a capital evitará que o veredicto seja de antemão maculado pela suspeita de parcialidade. Texto Anterior: CORRUPÇÃO GLOBALIZADA Próximo Texto: O BRASIL NA ONU Índice |
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