São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil elabora plano para a cafeicultura

FÁBIO EDUARDO MURAKAWA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O governo e os representantes da iniciativa privada estão elaborando um plano de safra para a cafeicultura brasileira.
Trata-se de uma linha de ação global para o setor, que abrange desde financiamentos a produtores, exportadores e indústria até incentivos à comercialização, pesquisas e marketing.
O plano está sendo discutido pelo CDPC (Conselho Deliberativo de Política Cafeeira), que reúne membros do governo e de todos os segmentos da economia cafeeira.
Segundo o vice-presidente da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Américo Sato, o plano representará uma mudança na linha de atuação do setor.
"Vamos passar a planejar ações, em vez de resolver apenas problemas emergenciais", afirma Sato, que é conselheiro do CDPC.
Durante os dois últimos anos, explica, o governo teve de tomar uma série de medidas para atender solicitações dos diversos setores da iniciativa privada.
Concedeu financiamentos à lavoura, estendeu prazos de pagamento para os cafés adquiridos em leilão, promoveu leilões especiais para a indústria de café solúvel e liberou recursos para marketing. "Todas essas medidas foram solicitadas em caráter emergencial e as decisões tomadas na última hora", diz Sato.
Segundo ele, com um plano em mãos, o setor saberá com meses de antecedência que medidas serão necessárias e quando aplicá-las.
Estimativa de safra
O primeiro passo para o plano será dado a partir de outubro, quando terão início os trabalhos para a formulação de uma estimativa da safra brasileira.
"Para traçar metas, é preciso saber o quanto será produzido", afirma José Luiz Melo Monteiro, diretor do Denac (Departamento Nacional do Café), órgão vinculado ao Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo.
Desde 1990, quando foi extinto o IBC (Instituto Brasileiro do Café), não é feita previsão oficial sobre a safra do país, que é o maior produtor mundial de café.
Segundo Monteiro, a estimativa irá balizar todas as medidas do setor, a começar pela utilização dos estoques oficiais de café, que hoje chegam a 12 milhões de sacas. O governo liberou cerca de R$ 320 milhões para a pesquisa encomendada a um consórcio liderado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Segundo o coordenador do Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, Antônio de Pádua Nacif, serão distribuídos cerca de 3.000 formulários em todas as regiões produtoras do país.
O consórcio pretende fazer entre duas e três estimativas por ano.
Nessa primeira avaliação, além de ser feita a previsão para a próxima safra (98/99), será revisto o volume colhido em 97/98.
Entre opiniões de produtores e corretores e pesquisas subjetivas feitas no Brasil, a produção nacional varia entre 18 milhões e 24,5 milhões de sacas (veja quadro acima).
Mas o número mais polêmico até o momento é o divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que previu uma safra de 28 milhões de sacas.
Apesar de considerado absurdo no Brasil, segundo alguns analistas, o levantamento teve influência no mercado internacional e derrubou as cotações.

Texto Anterior: Folha Informações Rural ganha colunas
Próximo Texto: Congresso avalia 'algodão ecológico'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.