São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997
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Ônibus ameaçam entrar em greve em SP

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os motoristas e cobradores de ônibus podem entrar em greve ainda hoje se não houver um acordo entre a Prefeitura de São Paulo e os empresários do setor.
Os empresários reclamam uma dívida de R$ 43 milhões (referente ao período de dezembro de 1996 a julho de 1997) e dizem que vão cortar o vale-refeição dos funcionários, que deveria ser entregue na manhã de hoje.
Eles reclamam também o pagamento de uma outra dívida, no valor de R$ 24 milhões, referente ao mês de setembro.
Na noite de ontem, os empresários recusaram proposta feita pelo secretário municipal das Finanças, José Antonio de Freitas, que se dispunha a pagar hoje R$ 20 milhões para as empresas.
Atendendo a apelo do secretário de Governo, Edevaldo Alves da Silva, os empresários concordaram em fazer uma nova reunião às 9h de hoje na sede da prefeitura.
No mesmo horário, os motoristas vão estar em assembléia no terminal do parque Dom Pedro.
As negociações estão sendo conduzidas pelos secretários porque o prefeito Celso Pitta está na Europa, participando de um congresso.
Liminar
"Não queremos saber dessa dívida. O fato é que vamos parar se os empresários não pagarem o vale", afirmou José Alves do Couto Filho, o Toré, presidente do sindicato dos motoristas e cobradores.
Os empresários têm uma liminar do TST (Tribunal Superior do Trabalho) que autoriza o não-pagamento do vale-refeição.
No final de julho, os empresários ameaçaram pela primeira vez cortar o benefício dos funcionários para colocar o prefeito Celso Pitta na parede.
Diante da possibilidade de greve, Pitta aumentou de R$ 0,05 para R$ 0,07 (por passageiro) o valor do subsídio que a prefeitura paga para completar a passagem de ônibus (que custa R$ 0,90).
"Não é de bom tom colocar a faca no peito de ninguém. A prefeitura reconhece a dívida e vai pagar", afirmou Francisco Christovam, presidente da SPTrans (São Paulo Transporte, empresa municipal que gerencia o transporte por ônibus na cidade).
"Os empresários, porém, precisam entender que a prefeitura necessita de um tempo para recuperar o seu fôlego financeiro", disse o presidente.
"Além dos funcionários, temos de pagar os nossos fornecedores. Não dá para ficar pedindo empréstimos bancários", afirmou o presidente-executivo do Transurb (sindicato das empresas), Wilson Maciel Ramos.
O empresário afirmou que o sindicato deve entrar com uma ação na Justiça pedindo a execução da dívida.

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