São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997
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Bush quer "fast track" sem restrição

'Tarefa de Clinton é árdua'

ANTONIO CARLOS SEIDL
ENVIADO ESPECIAL A MÔNACO

O ex-presidente norte-americano George Bush, do Partido Republicano, defendeu ontem em Mônaco a aprovação, sem restrições, pelo Congresso de seu país, do chamado "fast track" (via rápida) -autorização política para a equipe do presidente Bill Clinton acelerar as negociações para a integração dos 34 países do continente americano.
O presidente Clinton, do Partido Democrata, enviou o projeto de lei do "fast track" para o Congresso há cerca de 15 dias, mas políticos de ambos os partidos querem que os eventuais acordos para a adesão de países sul-americanos ao Nafta, como primeiro passo para a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), incluam cláusulas de garantia de empregos nos EUA e de proteção ao meio ambiente.
"É muito importante que o presidente Clinton lute arduamente pelo 'fast track' sem precondições, e tenho certeza que esse é seu desejo ", disse Bush em entrevista na casa do ministro Michel Levêque, do governo do Principado de Mônaco.
Bush, que governou os EUA de 89 a 93, está em Mônaco participando do seminário "Investimentos no Brasil - Cooperação e Repercussão no Mercosul", promovido pelo Fórum das Américas, entidade não-governamental dirigida por Mario Garnero.
O ex-presidente norte-americano, que perdeu a reeleição para Clinton em 1992, criticou os políticos republicanos e democratas que só apóiam o "fast track" com a garantia de precondições.
"Essas precondições partem de uma improvável aliança entre os sindicatos de trabalhadores e a direita ferrenha. Na verdade, são um disfarce para o protecionismo."
Brasil o Nafta
Bush disse que há muitos políticos no partido de Clinton que não querem a Alca. "Ele tem uma tarefa árdua pela frente. Há líderes democratas no Congresso lutando contra seu próprio presidente."
Bush está convencido de que o presidente Clinton quer a extensão do Nafta com a participação do Chile, e não em um acordo bilateral separado.
Bush é a favor do alargamento do Nafta -o acordo de livre comércio entre os EUA, Canadá e México. Ele disse que quer ver o Brasil no Nafta.
"Se o Brasil quiser entrar para o Nafta seria ótimo, mas se não quiser continuará merecendo o nosso respeito pelo que está fazendo no Mercosul", afirmou.
Para Bush, a aprovação do "fast track" com precondições enviará um mau sinal para os países sul-americanos.
"Se o Congresso norte-americano enviar um sinal de que só aprovará o mecanismo impondo condições que interessam somente ao Chile, enviará um péssimo sinal para o resto da América Latina."

O jornalista ANTONIO CARLOS SEIDL viajou a Mônaco a convite do grupo Brasilinvest e do Fórum das Américas.

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