São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997
Próximo Texto | Índice

Expulsões caem 40% no Brasileiro

PAULO COBOS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Mais violento e com menos tempo de bola em jogo, o Campeonato Brasileiro de 97 tem 40% menos cartões vermelhos do que sua edição anterior.
Em 96, foram expulsos 248 jogadores em 290 jogos, média de 0,85 por partida. Neste ano, o número caiu para 112 cartões em 223 jogos, 0,50 por jogo.
O número de faltas, segundo o Datafolha, aumentou de 25 para 27. A bola esteve em jogo por quase cinco minutos menos que no ano passado, 50min40s contra 55min26s.
Entre os 24 times que disputaram o campeonato no ano passado -América-RN e União foram promovidos este ano-, 20 têm menos jogadores expulsos. Um deles, o Guarani, não teve nenhum jogador punido, mesmo sendo a 5ª equipe mais faltosa, com 28,6 infrações cometidas por partida.
O presidente da Comissão de Arbitragem, Armando Marques, não faz comparações com o campeonato passado. "No ano passado, eu não era nem nascido."
Já pelo campeonato de 97, Armando afirma que o desconhecimento das regras por parte da imprensa e do público é responsável por essa sensação de impunidade.
"Quando um jogador coloca a mão na bola, todo mundo pede cartão", afirma Armando. "Mas não é isso o que diz a regra", completa Marques.
A disposição dos brasileiros em jogar 'horizontalmente', para o presidente da comissão, é outro fator que inibe as expulsões.
"O brasileiro sempre está no chão, dando a impressão que sempre foi atingido com violência."
Para Armando, a nova safra de árbitros brasileiros ainda não pode ser avaliada. "É muito cedo, mesmo para as boas revelações, como Paulo César Gomes e Ubiraci Damásio, que nesta safra teremos grandes juízes."
No caso de Damásio, Armando aproveita para dar um exemplo do comportamento dos jogadores brasileiros. "No jogo entre Palmeiras e Corinthians, o goleiro Velloso achou que foi expulso por sua discussão com Donizete, quando na verdade o motivo foi sua entrada desleal em Mirandinha", afirma.
O desempenho dos árbitros, mesmo assim, vem sendo avaliado com rigor pelos integrantes da comissão, segundo o ex-juiz.
Os que cometem erros mais graves recebem o pior castigo, afirmou Armando Marques.
"Não é o afastamento a pena que o árbitro deve pagar pelos seus erros. O melhor remédio é uma temporada apitando na Série C do Brasileiro", afirma.
Na Série C, os árbitros não recebem passagem aérea, tendo que se deslocar por via terrestre.
O número de cartões vermelhos, para Armando Marques, ainda é muito alto. Para ele, o ideal seria que o número fosse zero.
Os jogadores parecem concordar com o chefe da arbitragem.
Gilmar, do Corinthians, um dos jogadores mais faltosos do campeonato, reclama que no ano passado, quando foi expulso duas vezes, recebia os cartões de graça.
"Esta ano, pelo que vi, todos os cartões foram bem dados", diz.
O técnico do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari, também considera o campeonato menos violento.
"Se a recomendação era um maior rigor nas arbitragens, e o numero de cartões caiu, o futebol está sendo mais bem jogado."

Próximo Texto: América-RN é o 1º em disciplina
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.