São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997
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Clube-empresa dá prejuízo a Zico

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Primeiro clube-empresa do país, o Rio de Janeiro Futebol Clube deu prejuízo no primeiro ano de vida.
O clube, fundado em 1º de setembro de 1996, conquistou anteontem o título da terceira divisão do Estadual do Rio. Em 1998, disputará a segunda.
"Na ponta do lápis, o clube está no vermelho", afirmou ontem à Folha o ex-jogador Zico. Ele não soube, no entanto, precisar o valor do prejuízo.
Segundo Zico, dono de 95% das cotas da empresa Rio de Janeiro Futebol Clube Ltda., os custos superam a receita.
Basicamente, ela vem de duas fontes. A primeira é o Kashima Antlers, o clube japonês onde Zico atuou, que investe R$ 25 mil mensais. Em troca, pode pegar qualquer jogador formado pelo Rio de Janeiro sem pagar nada ao clube.
A outra é o patrocinador, Energil C, que paga R$ 10.000 mensais para pôr sua marca nas camisas.
"Não contamos com as rendas das partidas, porque dão prejuízo", disse Zico.
Ele disse que só "dois ou três" jogos do campeonato da terceira divisão deram lucro para o clube. Na decisão contra o Duquecaxiense, anteontem, no estádio do Flamengo, o lucro foi de R$ 300.
O ex-jogador, que investiu cerca de R$ 50 mil na criação do clube, diz que já previa prejuízo nos primeiros anos.
"Agora é um momento de investimento. Só espero lucro após cinco anos, quando terei grandes jogadores para vender."
Zico ressalta, porém, que seu objetivo único não é formar atletas. "Quero disputar títulos e transformar o Rio de Janeiro num time grande."
Com o triunfo na terceira divisão, Zico espera atrair mais dois patrocinadores, além de renovar o contrato com o atual em bases melhores.
O próximo passo, afirma, é ganhar o título da segunda divisão em 98 para, em 99, chegar à primeira e aumentar sua receita por estar junto dos maiores clubes do Estado. No início do ano, porém, ele previra chegar à primeira divisão em três a cinco anos.
Zico também espera que o sucesso do clube faça a torcida crescer e se consolidar.
O dirigente não acha que os clubes brasileiros tenham que virar empresas. "Mas precisam viver com uma mentalidade empresarial." Acrescenta que os grandes clubes "não aproveitam a força de suas marcas". "O Flamengo, por exemplo, não planejou nada para usufruir o que conseguiu em tantos anos."

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