São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997
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O Edmundo interessa?

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, a verdadeira questão, neste momento, não é saber se o Edmundo deve ou não deve ser convocado para a seleção.
A questão é: Edmundo interessa ou não à seleção. Se não interessa, ponto final e não há mais nada a ser discutido.
Se ele interessa ao velho Lobo do fut Zagallo, então o encaminhamento da questão deve ser diferente e realizado de maneira mais eficiente.
Se ele interessa, o melhor que o velho Lobo pode fazer é não convocá-lo agora -e nem daqui a pouco.
A melhor atitude a ser tomada neste momento é, aproveitando a hora em que ele está com a cabeça erguida, chamá-lo para uma conversa e, nesse papo, explicar suas intenções e deixar transparente todos os receios que tem como responsável por uma seleção.
Eu faria mais: colocaria um psicólogo e um amigo, alguém de inteira confiança do velho Lobo do fut para dar assistência e fazer um acompanhamento intensivo do Edmundo nos próximos meses.
A missão dessas pessoas seria a de dar estabilidade emocional ao jogador, de orientá-lo no dia-a-dia, de fazer Edmundo perceber o que ele ganha e o que ele perde com cada atitude que toma na vida.
Há muito pouco a ser avaliado, do ponto de vista técnico, em uma nova convocação de Edmundo: seu potencial como jogador está sendo mostrado nos campos deste Brasileiro.
Mais à frente, se ele voltar à seleção, o velho Lobo terá tempo para ajustá-lo ao esquema tático que pretende implantar.
Por enquanto, a simples convocação de Edmundo não seria útil nem para ele nem para a seleção.
O importante é saber se ele interessa. Se ele está nos planos de Zagallo, então mãos à obra: que se comece o trabalho, a partir de já, para conseguir levar para a França o seu melhor lado, o de jogador hábil, batalhador e definidor, deixando o seu lado pior restrito àquilo tudo que já passou.
*
O lado nefasto desse tipo de competição que é o Campeonato Brasileiro: cerca de quatro times podem se classificar sem atingir nem sequer 50% dos pontos disputados.
É o resultado mais eficaz desse tipo de torneio: nivelar o futebol por baixo, pelo rés-da-grama.
*
Palmeiras e Corinthians fizeram um bom jogo, no domingo, sem grande brilhantismo, mas cheio de energia, velocidade e disposição dos jogadores.
Mas "Grandes Momentos do Esporte", da TV Cultura, passou outra grande partida entre os dois, Corinthians 4 x 3 Palmeiras, realizada em 71.
Em primeiro lugar, é emocionante rever o Morumbi lotado até chegar perto do céu, em dia de "derby".
Depois, que jogo! 2 a 0 para o Palmeiras no primeiro tempo; no segundo, três gols em seguida (um deles de Adãozinho, outro de Leivinha), a virada do Corinthians no final.
O alvinegro não era lá essas coisas (Tião, Peri, Lindóia, Samarone, Mirandinha), mas, meu Deus, tinha o Rivellino!
Ele refazia o espaço irrigando a bola precisa onde tudo, até então, era deserto -um vazio à espera do Criador.

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