São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997
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"The Game" mantém Douglas jovem

ADRIANE GRAU
ENVIADA ESPECIAL A LOS ANGELES

Agarrando-se firme à fama de símbolo sexual conseguida graças a "Atração Fatal" e a boatos de que o vício em sexo teria lhe internado numa clínica para tratamento, o ator Michael Douglas, 53, se nega a ser visto como pai no cinema. Pelo menos, como pai de Jodie Foster, 34.
Foi por causa dele que a atriz perdeu seu papel no filme "The Game", que estreou nos EUA com bilheteria líder de US$ 14,3 milhões no fim de semana passado.
"Fica todo mundo falando sobre o assunto como se fosse vaidade minha", diz o ator. "Mas o público não é bobo, e quando eu me olho no espelho não vejo alguém com idade para ser pai de Jodie", completa. Claramente a atriz discorda dele, pois processou a Polygram em US$ 54,5 milhões por quebra de contrato.
Após encarnar o bilionário que recebe um jogo real que muda seu cotidiano em "The Game", Douglas contracenará com Gwyneth Paltrow, 23.
Eles interpretam marido e mulher em "A Perfect Murder", que começa a ser filmado em 13 de outubro. A história é a mesma de "Disque M para Matar", dirigido por Alfred Hitchcock em 1954.
Sentado perto de uma janela no 18º andar de uma prédio com vista para a poluição que escurece o céu de Century City, o ator recebeu a reportagem da Folha para revelar que o que mais gosta de fazer não é atuar, mas produzir filmes.
Sua assinatura aparece em "A Outra Face", "The Rainmaker" e "The Game". "Esse último é apenas meu 240º filme como ator", diz. "Não é tanto assim, principalmente se comparado a John Travolta ou Nicolas Cage, que já me passaram e são 15 anos mais jovens que eu."
Segundo ele, isso acontece porque ele prefere fazer um filme a cada 18 meses e se dedicar aos bastidores nos intervalos. "Produzir é mais trabalhoso que atuar", afirma. "'The Game' teve 104 dias de filmagem, e eu estive no set durante 103 dias, sem folgas."
Na contramão de tantos atores que pensam que cenas de ação são arte, o ator afirma o contrário. "Sempre gostei de fazer cenas de ação, pois é um relaxamento, um jeito de se desviar da pura interpretação necessária em cenas de amor e diálogos", diz ele.
Sua cena preferida em "The Game" é a queda em que ele destrói o teto de vidro todo trabalhado de um hotel em San Francisco. "Levantaram-me até o teto e me deixaram cair no colchão de ar", lembra ele. "As primeiras vezes me deram taquicardia, mas depois me acostumei."
O que ele não se acostuma é com a fama, que o impede de ir a lugares públicos. "As pessoas se tornaram meio patetas com celebridades. É um pouco pertubador."
Ele lembra com pavor um episódio acontecido no Festival de Cannes há alguns anos. "Tirei fotos numa festa ao lado de uma mulher que depois inventou que tinha passado um fim de semana comigo", conta. "Da última vez que tentamos calcular, ela tinha lucrado US$ 300 mil com a história."
Na pré-estréia de "The Game", no dia 18, fotógrafos fizeram um protesto contra as críticas do ator a respeito da imprensa marrom, estendendo uma faixa na qual se lia: "Nós não somos paparazzi, fomos convidados a estar aqui".
Segundo Douglas, uma boa idéia seria doar para instituições de caridade parte dos lucros conseguidos com fotos de celebridades.
Bom começo poderia ser as fotos dele ao lado do pai, Kirk Douglas. Eles marcaram as mãos na calçada da fama de Holywood no dia 19. "Não havia pai e filho juntos na calçada ainda", diz Michael.

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