São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997
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Ex-militar exige garantias para ir à Espanha e testemunhar

Adolfo Scilingo teme que Justiça peça sua prisão

FERNANDO GODINHO
DE BUENOS AIRES

O ex-militar argentino Adolfo Scilingo, envolvido na tortura e morte de presos políticos durante o último regime militar no seu país (1976 a 1983), está negociando garantias para concretizar seu depoimento sobre o assunto perante a Justiça da Espanha.
Scilingo ofereceu seu depoimento à Justiça espanhola porque participou das operações da Esma (Escola de Mecânica da Marinha), um dos principais centros de tortura do regime militar argentino.
A Justiça espanhola calcula que cerca de 400 espanhóis desapareceram durante a "guerra suja" na Argentina. Muitos deles teriam passado pela Esma.
Como pretende prestar um depoimento pessoal, Scilingo quer garantir que a Justiça espanhola não decretará sua prisão durante sua permanência no país. Com essas garantias, ele viajará para a Espanha dentro de duas semanas.
Atualmente ele vive em liberdade na Argentina graças às leis adotadas pelo país após o retorno dos civis ao poder, em 1983.
Em 1995, Scilingo denunciou publicamente os chamados "vôos da morte": presos políticos detidos na Esma eram dopados, colocados em aviões militares e jogados nus no oceano Atlântico.
Ele acusa a Marinha de ter organizado as ações e de não admitir sua responsabilidade porque "tem medo de dizer a verdade, que é vergonhosa".
A Folha procurou ontem a assessoria de imprensa da Marinha, que não quis se pronunciar sobre a entrevista de Scilingo. A assessoria argumenta que ele não pertence mais aos quadros da Marinha. A Esma também não se pronunciou.

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