São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 1998
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2 presos correm risco de vida

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois dos oito sequestradores do empresário Abílio Diniz, que completaram ontem 42 dias em greve de fome, correm risco iminente de vida.
O estado de saúde do grupo piorou e a qualquer momento alguém pode ter uma complicação inesperada que leve à morte, mas os sintomas do brasileiro Raimundo Costa Freire e do chileno Sérgio Urtubia já são muito graves.
Segundo informações do comitê que apóia os presos, colhidas com médicos do Hospital das Clínicas, onde estão internados, o brasileiro teve arritmia cardíaca, hipotermia (diminuição exagerada da temperatura) e está com diarréia.
O clínico-geral do HC Arnaldo Lichtenstein afirma que todos são sintomas preocupantes. A arritmia pode levar à morte. A hipotermia é sinal de que o organismo está reagindo a uma infecção, mas sem poder produzir febre. Diarréia também é sinal de infecção.
No caso do chileno Sérgio Urtubia, que teve a hemorragia estancada depois de duas endoscopias no intestino, o risco ainda existe. A diarréia continua e, se a hemorragia voltar, pode matar.
Os sintomas do brasileiro e do chileno Hector Tapia também indicam desnutrição acentuada, situação em que se pode morrer por razões que normalmente não matam, como diarréia ou infecção.
O grupo pede a expulsão dos sete estrangeiros e indulto ao brasileiro -medidas que só o presidente da República pode tomar- para parar a greve de fome.
Sem lógica
Ontem, o deputado Jaime Naranjo, da base de apoio do presidente chileno Eduardo Frei, criticou a posição adotada pelo governo de aplicar os tratados de transferência de presos sem a sua aprovação nos outros países.
"Se o governo quer mandá-los para seus países e aplicar o tratado unilateralmente, não é lógico que os expulse, então?", perguntou.
Naranjo, que participa da delegação chilena que veio ao Brasil para ajudar nas negociações, afirmou que vai tentar conversar com Abílio Diniz para pedir desculpas em nome do Chile pelo sequestro.
O deputado chileno disse também que irá ao Congresso Nacional conversar com parlamentares sobre a aprovação dos tratados. Ele disse que o tratado de transferência com o Chile está parado no Senado do país porque a maioria dos senadores é de direita, não favorável aos presos.

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